A Inspetoria de Defesa Agropecuária de Dom Pedrito, com o Sindicato Rural do município, tem mobilizado os produtores rurais a vacinarem seus rebanhos em virtude de ter sido registrado um surto de raiva bovina.
O responsável pelos serviços do órgão, em Dom Pedrito, Robson Garagorry da Rosa, informa que já foram identificados refúgios com morcegos na área onde está sendo construída a barragem do Taquarembó – foram encontrados em torno de 500 animais -, e em um cemitério abandonado no interior do município, com cerca de 200 morcegos.
Desde que foi confirmada a existência desse surto no município, mais de 60 bovinos já morreram. “Aumentou, consideravelmente, a população de morcegos hematófagos na região. Mesmo que o município não tenha uma geografia que propicie locais para abrigá-los - como cavernas -, eles têm uma grande oferta de alimento com o rebanho bovino, podendo migrar de outros locais”, comenta Rosa.
O médico veterinário destaca que há mais de 50 anos não havia a confirmação de um surto da zoonose em Dom Pedrito. Os surtos passaram a avançar no Estado a partir de 2011, com focos de raiva herbívora na região de São Lourenço do Sul. Conforme um dos núcleos de combate à raiva herbívora, situado em Cachoeira do Sul, durante esse período, mais de 100 mil bovinos já morreram pela doença que não tem cura. “Estamos trabalhando de forma preventiva com duas orientações: a primeira é que se o produtor rural observou que algum de seus animais, seja bovino, ovino, equino ou suíno apresente mordeduras, deve comunicar a inspetoria o mais rápido possível, para que possamos avaliar se se trata de um caso de ataque de morcego hematófago. Caso seja, chamaremos a equipe de combate à raiva da Secretaria da Agricultura. Outra ação é que o produtor, se encontrar um refúgio desses morcegos, não deve destruí-lo, porque precisamos cadastrar esse local, o que facilita no combate à doença, além de estar em segurança, sem ter contato com esse animal”, destaca da Rosa.
No entanto, a principal ação que os pecuaristas devem tomar é a vacinação de seu rebanho. Independente da localidade, é importante que o produtor rural mantenha seu gado imunizado. A raiva herbívora tem, no animal, uma incubação de até 80 dias, por isso a necessidade de vacinação de forma preventiva. Tal processo é feito em duas etapas, com intervalo entre as doses de 21 dias. É importante que se façam as duas doses, pois, sem a segunda, o animal continuará suscetível ao vírus. O animal que receber a vacinação deverá repetir mais uma dose no ano seguinte para manter-se imunizado. O preço da dose da vacina custa em torno de R$ 1,30 e é injetável.
Conforme da Rosa, a proliferação dos morcegos hematófagos em Dom Pedrito se dá em locais como casas abandonadas no campo e poços de água inutilizados. “É muito importante que os produtores façam essa vacinação. Sabemos que o movimento nas casas agropecuárias aumentou desde que divulgamos a existência desse surto. Todavia, devemos manter o alerta sobre os riscos dessa doença”, salienta.
Na região
No ano passado, a Inspetoria de Defesa Agropecuária de Aceguá confirmou um foco de raiva herbívora em bovinos no Passo do Valente. O médico veterinário Cláudio Alves Branco informa que, desde esse caso, não houve mais notificação no interior do município. “O produtor pode vacinar até mesmo antes dos três meses de idade. Isso porque esses terneiros bem novos são mais fáceis de serem atacados pelo morcego hematófago, ainda mais porque toda essa zona é de risco para a doença”, explica Branco.
Já a médica veterinária da Inspetoria Veterinária e Zootécnica de Bagé, Anna Suñe, destaca que também não houve notificação de novos focos na região. “Fizemos há pouco um evento nas Palmas para informar os produtores da necessidade da vacinação do gado. Prossegue o trabalho preventivo no controle dessa doença”, declara Anna.
Sintomas
Os animais que sofreram ataques de morcegos hematófagos apresentam um andar cambaleante, olhar fixo, patas abertas, queda do quarto traseiro e desvio frequente da cauda para o lado. Quando o quadro se agrava, o animal tem dificuldades para engolir e passa a salivar excessivamente, além de ter paralisia dos quartos posteriores, prostração, e, quando ficam deitados, não têm mais condições de levantar.
Os morcegos hematófagos alimentam-se apenas de sangue. Preferem atacar o dorso e o pescoço. A mordedura é um pequeno furo, semelhante à queimadura da ponta de um cigarro. O local atacado pode apresentar o sangue escorrendo, pois o morcego, ao morder, libera uma substância anticoagulante, que impede a cicatrização.
Fonte: http://www.jornalfolhadosul.com.br