Com o desligamento da fase B da Usina Termelétrica Presidente Médici (Candiota), novas articulações políticas devem ocorrer nos próximos dias. Isso para tentar reverter a decisão administrativa da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (Eletrobas/CGTEE) ou buscar uma alternativa à economia regional. Tal trabalho será feito numa parceria entre prefeitura local e as entidades envolvidas no impasse. É o caso do Sindicato dos Mineiros e o Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul (Senergisul). Este último, inclusive, promove hoje, às 8h, uma reunião, em frente ao portão de acesso da usina. O ato tem como finalidade definir os rumos da categoria.
Conforme o prefeito de Candiota, Adriano dos Santos, o poder público municipal e o Senergisul elaboram um dossiê, que será enviado ao governo federal. O material será composto por números e argumentos que defendem o posicionamento contrário ao desligamento. A maior aflição do gestor diz respeito ao impacto econômico. Segundo ele, cerca de R$ 1 milhão deixaria de ser arrecadado, por mês, na cidade. Com base nessa previsão, Santos adianta que solicitará que a fase B funcione, no mínimo, até o momento em que a fase C operar “a todo vapor”.
Mas antes da elaboração de um dossiê, prefeitura e entidades sindicais já haviam aberto diálogo com a esfera federal. Na semana passada, uma comitiva foi até Brasília. Liderado pelo prefeito, o grupo se reuniu com o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, e com o secretário-executivo da Casa Civil, Daniel Sigelmann. O principal tema tratado foi o recurso de R$ 53 milhões que seria encaminhado, em 2017, para reestruturação e modernização da usina. Contudo, a verba foi retirada do orçamento da União. Nesse primeiro encontro, não houve definições concretas a respeito do tema. “Não seremos contrários a nova política do governo federal, de mudar os tipos de energias a serem investidos. Mas poderiam, antes, nos fornecer uma alternativa, em termos de geração de emprego e renda. Não tivemos tempo de fazer nenhum debate”, enfatiza.
Ação sindical
De acordo com o diretor estadual do Senergisul, Darlan Oliveira, no encontro de hoje, a categoria definirá como se comportará perante o impasse. “Em caráter administrativo, não temos mais o que fazer. Agora, partiremos para as ações políticas. Já conversamos com representantes do poderes Executivo e Legislativo. Mas, antes, preciso ouvir toda a categoria”, ressalta. A principal queixa de Oliveira é de que o sindicato não foi informado sobre o desligamento da fase B.
O presidente do Sindicato dos Mineiros de Candiota, Wagner Pintos, foi um dos integrantes da comitiva que viajou até Brasília. Ele aponta que ficou claro que a Eletrobras não tem intenção de investir na usina local. “Eles desejam que a fase B fique ‘hibernando’. Só quando precisasse, ela seria usada. Entendemos que isso é muito complicado, pois vai ocasionar muitos desempregos, e, obviamente, o empobrecimento da região”, frisa.
Pintos destaca que os mineiros trabalham com a possibilidade de realização de um manifesto, no dia 13. O ato, ainda a ser confirmado, envolveria sindicatos, prefeitura e deputados. “Não temos outro tipo de parque industrial. O que ainda nos salvará vai ser o empreendimento da Tractebel (Usina Termelétrica Pampa Sul)”, finaliza.
O caso
Conforme exposto pela Eletrobras/CGTEE, o desligamento aconteceu pela necessidade da companhia atender a um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado em 2011, com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O prazo era de cinco anos para que a estatal fizesse adequações na unidade, no que tange a riscos ambientais.
Cabe salientar que a fase B é uma das principais geradoras de energia do Complexo Termelétrico Presidente Médici, com capacidade instalada de 320 megawatts (MW). A fase mais nova, a C, pode produzir 350 MW. Por sua vez, a mais antiga, a A, gera, no máximo, 126 MW.
Fonte: http://www.jornalfolhadosul.com.br