30/04/2014

Oportunidades de intercâmbio chamam atenção de jovens bageenses

Quem não gostaria de poder adquirir conhecimento em um país desenvolvido como os Estados Unidos? Ou poder compartilhar da cultura e vivenciar a receptividade do povo mexicano? Essas oportunidades de sair do país para estudar em uma escola de ensino médio ou Universidade estão levando cada vez mais estudantes para fora do Brasil. Existem inúmeras formas de conseguir bolsas com custo reduzido em programas que levam estudantes para o exterior. Porém, também existem inúmeras regras, deveres e pré-requisitos a serem preenchidos. Com certeza quem consegue essas oportunidades, e com os menores custos para não pesar no bolso, sai na frente na corrida pela melhor colocação no mercado de trabalho.

Ciência sem fronteiras
O programa do governo federal leva estudantes universitários para estudos de graduação, tecnólogo, pós- graduação, doutorado e mestrado, entre outros. O objetivo do programa é incentivar e qualificar o profissional que futuramente trará avanço para sociedade, oferecendo um ensino de qualidade nas melhores instituições de ensino fora do país. O estudante precisa cumprir os pré-requisitos necessários para tentar a vaga, como por exemplo, estar matriculado na universidade com no mínimo 20% e no máximo 90% do curso concluído, ter tirado mais de 600 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio, ter proficiência mínima comprovada na Língua do país ao qual se candidatou a vaga, e estar cursando uma graduação que se encontre nas áreas contempladas pelo programa, em maioria, Engenharias, Ciências Exatas, Ambientais e Saúde. A bolsa cobre todos os custos do estudante, desde a passagem aérea, pagamento da mensalidade da instituição de ensino, até uma mesada mensal para ajuda de custos.

A estudante da Universidade Federal do Pampa, que cursa Engenharia Química, Gabriela Cáceres, está na Austrália, desde agosto de 2013, e retorna para o Brasil em fevereiro de 2015. “Foi um sonho que está realizado, porque estou tendo a oportunidade de viver novas experiências, conhecer novas culturas e ver as coisas com outros olhos”, afirma. Ela passou pelas etapas eliminatórias, foi homologada pela Unipampa, e se candidatou para estudar na Austrália, onde vive, hoje, na cidade de Adelaide. “No início a adaptação é um pouco difícil por causa do idioma, tudo é muito diferente. Mas com o tempo a pessoa acaba acostumando, pois aqui e tudo mais fácil, tudo funciona.  Tudo é muito seguro e a qualidade de vida é muito boa”, fala.

Desde que chegou a Adelaide, Gabriela tem estudado inglês, básico e acadêmico, para no próximo semestre começar a cursar Engenharia Química. A maior dificuldade, segundo ela, foi a Língua. “Às vezes é difícil fazer com que as pessoas me entendam, mas também é difícil entender o que elas falam. No início  porque não sabia inglês muito bem, mas até agora passo esse tipo de situação, pois o sotaque deles e muito diferente. Além disso, têm muitas gírias que só o falante nativo conhece”, declara.
Após ter aceito essa experiência, mesmo com a saudade da família e dos amigos, Gabriela acredita que foi muito bom para o currículo. “Eu aceitaria qualquer desafio que fosse bom para a minha carreira”, finaliza.

Intercambio através do Rotary Club
Através do Rotary também é possível realizar intercâmbio. O jovem interessado deve ser indicado por um rotariano o qual seu grupo seja conveniado ao programa. As etapas de seleção acontecem na cidade do governador do Distrito, no caso do Distrito 4780, que Bagé faz parte, este ano será em Santana do Livramento. O coordenador do Distrito, Vladimir Rodrigues, destaca que o estudante interessado recebe uma melhor classificação se tiver conhecimento de Línguas, como Inglês e Espanhol. “As vagas podem ser para vários países. Porém, os melhores colocados podem esperar abrir as vagas para o país que deseja ir, que geralmente são os de Língua Inglesa”, fala.

O estudante de intercâmbio pode concluir o ensino médio numa instituição fora do país, ou ingressar em uma universidade. O baixo custo da viagem se dá pelo motivo de que o estudante é recebido por uma família, logo, não existe custo com hospedagem. O estudante deve se moldar às normas da família. Entretanto, existem regras de comportamento, como ingerir bebidas alcoólicas, namorar ou usar drogas. “Os intercâmbistas ficam quatro meses com cada família, passando por três casas durante a viagem, que dura 12 meses”, relata. As famílias no Brasil, também podem receber intercâmbistas do mundo todo, entrando em contato com um agente do Rotary. ”Com certeza é uma oportunidade inesquecível, poder conhecer outra realidade, outra cultura”, declara.

A estudante da Universidade Federal de Rio Grande (Furg), que cursa Engenharia Civil, Luísa Machado Spuldar, fez o intercâmbio do Rotary e morou um ano na cidade de Culiacán, no norte do México. “A realização de um sonho, quando eu tinha 13 anos minha prima foi para os Estados Unidos, fazer o intercâmbio. Quando ela voltou e me contou da experiência, decidi que também queria participar do programa”, fala. Ela conta que sempre se interessou por outras Línguas e culturas. “Quando eu entrei para o programa foram oferecidas vagas para Tailândia, onde uma amiga minha conseguiu, uma para Venezuela e outra para o México. Não tínhamos a escolha de qualquer lugar, então escolhi o México. Eu conhecia muito pouco do pais e nunca tinha ouvido falar de Culiacán, que no final das contas virou um dos meus lugares preferidos no mundo”, declara.  Ela morou 11 meses, em três casas de família cujos filhos também estão no programa, relata ter sido tratada como uma filha pela família adotiva. “Nos primeiros seis meses frequentei uma escola de ensino médio, mas nos últimos cinco estou na universidade, onde sou uma estudante como todos  outros”, destaca. Luísa conta que demorou dois meses para conseguir se comunicar em espanhol.  “A vida fora do Brasil é como a vida no Brasil. Isso é algo que aprendi no meu intercâmbio, por mais que as culturas sejam diferentes, todos temos problemas parecidos, pois todo pais tem coisas boas e coisas ruins”, finaliza.