21/02/2017

Paralisação em canteiro de obras da UTE Pampa Sul completa uma semana

       
    Uma semana após o início da paralisação, a situação ainda é tensa no canteiro de obras da Usina Termelétrica Pampa Sul, em Seival, no município de Candiota. Os trabalhadores permanecem de braços cruzados de um lado, enquanto as empresas tentam retomar o empreendimento de outro.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem (SITICEPOT), Isabelino Garcia dos Santos, relata que a Brigada Militar esteve no local, na manhã de ontem, garantindo o cumprimento da liminar que viabilizaria acesso, ao canteiro de obras, dos trabalhadores que não aderiram à greve. Segundo ele, mesmo com a entrada garantida, porém, poucos entraram. "Apenas os encarregados entraram. Os outros seguem paralisados", disse.
Santos ressalta que não há briga de sindicatos. Na sexta-feira, a empresa SDEPCI, responsável pelo gerenciamento do canteiro de obras, se pronunciou sobre a greve, classificando-a como ilegítima. Segundo as informações repassadas, o SITICEPOT não seria o sindicato que representa a categoria e, por isso, não teria legitimidade para conduzir uma greve ou negociações entre a classe patronal e a categoria.
"Não há uma briga de sindicatos. Estamos aqui porque fomos chamados pelos trabalhadores, que não querem mais ser representados pelo sindicato ao qual estão vinculados atualmente. Mas isso não é assunto para essa luta, isso será decidido na justiça", afirmou.

Reviravolta
Uma liminar expedida ontem à tarde mudou totalmente o panorama da greve. Um pedido de tutela antecipada feito pelo SITICEPOT na última quarta-feira foi deferido pela Juíza do Trabalho Titular, Eliane Covolo Melgarejo. A liminar expedida prevê que o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Bagé "abstenha-se de convocar, decidir, deliberar e tabular acordos coletivos, enfim, representar os trabalhadores da construção pesada na obra referida, assuntos relacionados as atividades desempenhadas pelos trabalhadores da construção pesada, precisamente na obra da usina termelétrica Pampa Sul, sob pena de multa de R$ 10 mil, a ser revertida à parte autora".
Santos afirma que um abaixo-assinado realizado pela categoria, antes mesmo que a paralisação fosse deflagrada, mostrou a determinação dos operários em mudar a representação do sindicato. "Pesou muito a favor porque mostrou o desejo da categoria e a justiça respeita a vontade do trabalho", afirmou.
Ele afirma que após comunicar a empresa, irá aguardar contato para tratativas, já que o acordo coletivo firmado pelo STICM deixaria de valer a partir do momento que a liminar foi deferida. "Agora a negociação é conosco e não vamos acabar a greve antes de conseguir um acordo. A tendência é resolver com negociação, se não resolvermos, todos os canteiros de obra da usina vão parar", adianta o sindicalista.

        Empresa
Já representante da empresa SDPCI, que preferiu não se identificar, contou que nenhum funcionário conseguiu entrar no canteiro de obras, mesmo com a presença da Brigada Militar e oficial de Justiça, fazendo cumprir a liminar expedida na semana passada. "Os operários estão se sentindo acuados, com medo de represálias se voltarem ao trabalho. Não podemos submetê-los a isso e os dispensamos novamente. A obra está parada", disse.
O pelotão da Brigada Militar de Candiota informa que realizou apenas registros de ocorrências leves durante o procedimento. A empresa adianta que irá tomar todas as medidas cabíveis para dar prosseguimento à obra.
A empresa não se manifestou sobre a liminar, já que ainda não teria sido informada oficialmente.

A situação em Seival mobilizou a classe política bajeense. Durante o dia de ontem, os vereadores Graziane Lara (PTB) e Lelinho Lopes (PT) estiveram no local para acompanhar as reivindicações dos trabalhadores.