Os alunos que dependem do transporte do município para frequentarem as aulas não puderam contar com o serviço, ontem pela manhã. Isso, porque os municipários grevistas formaram um piquete em frente à garagem do transporte escolar e impediram a saída de veículos e trabalhadores. É a primeira vez que isso acontece desde o início da paralisação da categoria (12 de março). A mãe de dois estudantes da escola estadual Justino Quintana, Cristiane Osório, comenta que se sentiu revoltada com a situação, ontem, às 7h, quando aguardava o transporte dos filhos em frente ao prédio da instituição de ensino. É importante lembrar, que o município é responsável pelo transporte dos alunos realocados para outros prédios, enquanto a escola está interditada.
Cristiane relata que muitas crianças precisaram voltar para suas casas, outras permaneceram esperando o transporte, sem saber o que fazer, já que os pais não estavam junto delas. Outra mãe de alunos, Scherlin de Souza pondera que seu filho perdeu a aula e que precisará recuperar o conteúdo. “Foi um transtorno para quem mora longe. Já é um transtorno, que foi minimizado pelo transporte. Muitos pais precisam trabalhar e alguns, pelo que ocorreu, precisaram faltar o serviço para retornar com os filhos para casa, em segurança”, argumenta. “Fico triste, porque não vai ter volta. Meus filhos vão ganhar falta, porque não puderam ir à aula”, acrescenta. A mãe, Anorina Medeiros também falou sobre o fato: “as crianças e alguns pais ficaram na frente da escola ‘plantados’, ninguém avisou nada”.
Ela diz que quando seus filhos passaram a estudar, em outro prédio, decidiu se mudar para não ter tantos problemas com o transporte. “Muitos pais se organizaram e uns trazem os filhos dos outros. Muitos não trazem dinheiro para passagem de ônibus, pois contam com o transporte do município”, destaca. Sobre o problema a titular da 13ª Coordenadoria Regional de Educação, Nádia La-Bella disse que não há alternativa: é preciso aguardar. “Dependemos do município. Pedimos a compreensão dos pais”, pondera. Contudo, ela diz acreditar que o problema foi motivado pelo dia de votação na Câmara de Vereadores – os municipários grevistas acompanharam a derrubada do veto à emenda que prevê o reescalonamento dos níveis da categoria. “Acreditamos que não vai se repetir. Então, não é precioso tanto alarde”, finaliza.
A secretária de Educação, Janise Collares, quando questionada sobre uma possível estratégia, caso a situação se repita, foi enfática: “recém aconteceu; não sei e não estou preocupada”. A fala faz referência ao fato de que o transporte só não ocorreu devido ao piquete e não a adesão dos motoristas. “Creio que não vai continuar, porque é uma questão de consciência, uma questão de não prejudicar os alunos. Portanto, não comparecer às aulas é um prejuízo irreversível”, aponta. Ela lembra, que os professores municipais estão em atividade e, por isso, as aulas aconteceram mesmo diante da falta de transporte. Não só o transporte na zuna urbana foi prejudicado, mas também aquele dos alunos que estudam na zona rural e não tem alternativa, além de esperar os veículos dos municípios.