Com a confirmação do parcelamento dos salários dos servidores estaduais, as entidades que representam os funcionários públicos do Rio Grande do Sul confirmaram assembleia geral unificada, no dia 18 de agosto, para colocar em votação a possibilidade de greve geral no funcionalismo público.
O Governo do Estado viu pode ter provas, na semana passada, das pretensões do movimento. Na segunda-feira (03/08), servidores da Polícia Civil, Brigada Militar, Susepe e INSS pararam parcialmente os atendimentos no Rio Grande do Sul.
O presidente da Ugeirm (Sindicato dos escrivães, inspetores e investigadores da Polícia Civil), Isaac Ortiz, lamenta que o próprio governador não venha a público dialogar com a categoria e delegue os anúncios a secretários. Ele ainda destaca que a segurança vem sendo sucateada devido ao corte de gastos decretado desde o início do ano. “Nos chamaram, na Casa Civil, mas a decisão de parcelar já estava consumada. O que a gente cobra é que não há diálogo do governo com os servidores. Está terrível para o servidor público e para a sociedade como um todo. O governo simplesmente aplica sua política e depois vê o resultado. Assim como aplicou o decreto que tem sido uma carnificina na área da segurança, porque contingenciou todos os gastos com segurança pública. A polícia vai praticamente paralisar todas as atividades, não porque queira, mas por inoperância do governo do Estado”, destaca.
Para o presidente do Sintergs (Sindicato dos Técnicos Científicos do RS), Joanes Machado da Rosa, a forma com a qual o governo deposita a culpa da crise na folha do funcionalismo acaba por colocar a população contra os servidores. “Essa estratégia é muito nefasta, inclusive para a própria sociedade. O governo vem atribuindo ao servidor público todo o caos na economia que, ao longo de muitos anos — e não é culpa desse governo — os outros governos não têm enfrentado com seriedade. Têm sido tomadas providências de cada governo para os seus quatro anos. Não temos visto e não temos perspectiva de ter um governo de Estado, e não simplesmente um governo de governo”, afirma.
MEDIDAS URGENTES
Como o governo decidiu descumprir várias decisões judiciais que podem implicar em multa ao Piratini, a expectativa das entidades é buscar penalidades contra o próprio governador José Ivo Sartori (PMDB). O vice-presidente da Fessergs (Federação Sindical dos Servidores Públicos) e presidente da Amapergs (Sindicato dos Servidores Penitenciários), Flávio Berneira, garante que os sindicalistas vão voltar a provocar o Judiciário para medidas urgentes. “Além da ação de resposta e mobilização das categorias, vamos também provocar o Judiciário para que as decisões judiciais prevaleçam. À medida que o governo desrespeita o poder judiciário, ele afirma que todos os cidadãos também podem desrespeitá-lo. Está aí outra aberração e precisamos que o Judiciário também se manifeste nesse sentido”, protesta.
CONSEQUÊNCIAS
Os órgãos ligados a Segurança Pública de São Gabriel estarão representados em Porto Alegre. As entidades representativas confirmaram a disponibilização de um ônibus para locomoção dos servidores para o ato público no dia 18.
Enquanto isso, as manchetes de jornais mostram que a situação – se continuar o impasse – só tende a piorar.
Explosões de bancos, assassinatos, assaltos em via pública e violência. Essas são as manchetes principais nos jornais do Estado, que registrou, de 7 a 9 de agosto, 29 assassinatos. Somente em Porto Alegre foram 10 homicídios em 24 horas. Dois policiais militares foram feridos à bala ao impedirem ação de bandidos.
No final de semana do Dia dos Pais, o que ganhou maior destaque foi a insegurança. O governo continua a cortar verbas de custeio da Brigada Militar, dessa vez a cota de combustíveis ficou ainda menor, pois houve pedidos a comandantes que diminuíssem o gasto. Como se não bastasse, o governo encaminhou à Assembleia Legislativa projeto para alterar a ida para a reserva remunerada, causando mais desconfiança e indignação nos brigadianos.
O presidente da ABAMF considera simples encontrar uma solução para o problema da criminalidade crescente. “Basta ter mais policiais miliares nas ruas”, disse Leonel Lucas. O déficit humano na BM já ultrapassa 50%, e conta com apenas 19 mil militares, incluindo bombeiros.
Os clássicos do futebol gaúcho que ocorreram no fim de semana – Grenal e Caju – tiveram um capítulo a parte, antes do começo dos jogos. Familiares de policiais militares ficaram na frente dos portões do 1º BOE, em Porto Alegre, e 12º BPM em Caxias do Sul. Mais uma manifestação pelo pagamento integral do salário dos servidores.
Para realizar a segurança nos jogos, os brigadianos de outras unidades foram designados para trabalhar nos estádios da Capital e da Serra. O presidente da ABAMF, afirma que os protestos irão se intensificar caso a situação do pagamento permaneça indefinida. Para Leonel Lucas, o governo Sartori decidiu perseguir os policiais e bombeiros e desmontar com a segurança pública no RS.
Fonte: https://n1noticia.wordpress.com/