Essas situações já se tornaram constantes para os moradores dos bairros de Bagé, especialmente os localizados nas áreas periféricas da cidade. Entretanto, muitos ainda têm dúvidas sobre a quem recorrer na hora de sanar o problema: Departamento de Água e Esgotos de Bagé (Daeb) ou Secretaria Municipal de Atividades Urbanas (Smau)?
De acordo com as informações fornecidas pelo Departamento de Água e Esgotos de Bagé, a autarquia realiza apenas serviços referentes à ligação e conserto da rede de água e da rede de esgoto cloacal separado, ou seja, apenas nos bairros que contam com infraestrutura de saneamento básico.
Já à Secretaria Municipal de Atividades Urbanas cabe a responsabilidade sobre todos os demais serviços de reparos em via pública, além do esgoto misto e pluvial dos bairros que ainda não contam com recolhimento desses resíduos. Bueiros, bocas-de-lobo e drenagem também estão sob a alçada da pasta capitaneada pelo engenheiro Eduardo Mendes.
A responsabilidade sobre a conservação das ruas também é uma dúvida constante. Contudo, Mendes esclarece: "Qualquer intervenção no pavimento público é de responsabilidade de quem o fez. Se o Daeb abriu, será o responsável por fechá-lo. A Smau só deve ser acionada em situações de danos causados por fenômenos naturais, como a chuva, e pelo desgaste natural do pavimento das vias da cidade", explica.
Responsabilidade
Um dos casos em que a dúvida sobre a responsabilidade gerou atraso na efetivação de um serviço foi o de Neiva Rodrigues Quintana, 61 anos. Há cerca de 20 dias a moradora do bairro Damé não consegue entrar ou sair com o automóvel da casa devido a uma valeta aberta na metade de fevereiro para realização de uma ligação de água em uma casa vizinha.
Para que a equipe do departamento de água realizasse o serviço, foi necessária a abertura da valeta em frente às residências da quadra 200, da rua 93, para ligar a casa em questão à rede de água do bairro. Entretanto, após a realização da operação, o buraco, com cerca de 50 centímetros de profundidade, não foi aterrado e assim permanece, atrapalhando o tráfego da rua.
Em busca de uma solução, a moradora solicitou para a equipe a cobertura da valeta. No entanto, o Daeb negou a responsabilidade e informou que o serviço deveria ser realizado pela Smau. Neiva então procurou a secretaria, mas não foi atendida, já que um funcionário da pasta rebateu a autarquia e afirmou que esse tipo de serviço compete ao próprio Daeb.
Na semana passada, após uma nova vistoria "in loco", o Daeb reconheceu a responsabilidade sobre o conserto.
Procurado para comentar sobre o assunto, Mendes afirmou que não há nenhuma dificuldade de comunicação entre a Smau e a autarquia em relação aos serviços. "Isso não existe. Nós estamos sempre em contato para nos atualizarmos. Quando entra alguma coisa aqui na secretaria, que é do Daeb, eu repasso para eles e eles também fazem isso lá", comenta.
Solução caseira e temporária
Assim como muitos bajeenses, Vilmar Carvalho, de 74 anos, decidiu botar as mãos à obra ao invés de aguardar uma solução do poder público. Também morador da quadra 200, ele conta que resolveu cobrir o buraco aberto em frente a sua casa por conta própria.
Segundo Carvalho, a valeta o impedia de entrar com a moto na garagem da residência. "Não tinha como passar, havia um buraco grande. Então eu tapei para dar passagem, mas mesmo assim é ruim porque faz sujeira. Toda vez que eu vou entrar com a moto, tenho que lavar, senão embarra toda a garagem", disse.