05/02/2016

Balada Segura terá "drogômetro" a partir de março


Depois de passar quase cinco anos fechando o cerco a condutores embriagados, a campanha Balada Segura prepara uma frente de ação paralela em 2016. Os novos alvos serão motoristas que dirigem sob efeito de drogas. De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS), o aparelho conhecido como "drogômetro" entrará em fase de testes a partir de março, fortalecendo a fiscalização no trânsito gaúcho.

O equipamento, cujo nome oficial é salivômetro, detecta a presença de substâncias ilícitas com base em uma amostra de saliva. A coleta é feita por meio de uma espécie de canudo, que depois é inserido em outro aparelho parecido com uma máquina de cartão de crédito. Dentro do dispositivo, um cartucho com seis tiras de papel entra em contato com os reagentes, iniciando a análise. Em cinco minutos, o visor já mostra os resultados.

O exame identifica substâncias como cocaína, THC, benzodiazepínicos, opioides, anfetaminas e metanfetaminas. Outros tipos de drogas também podem ser detectadas, dependendo da necessidade do órgão fiscalizador.

— Em breve, março ou abril, estaremos testando esse equipamento com o objetivo de tirar do trânsito pessoas que dirigem sob efeito de drogas, assim como já fazemos com motoristas alcoolizados — diz o chefe da Divisão de Fiscalização de Trânsito do Detran-RS, coordenador do Balada Segura, Jefferson Sperb.

A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) também devem contar com o aparelho em suas barreiras tradicionais.

— Ainda não estamos usando porque não foi liberado. Mas já está em em estágio avançado de estudos e provavelmente a gente consiga usar em breve. Acredito que, assim como os dados de embriaguez ao volante, os flagrantes também irão nos surpreender. Será muito bom para a fiscalização e para a sociedade — endossa Marcelo Soletti, diretor de operações da EPTC.

O que ainda está emperrando os testes científicos do "drogômetro" é a avaliação do Conselho de Ética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, instituição que está à frente dos estudos do equipamento. A tendência é de que o uso seja liberado na semana que vem. De acordo com o Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas (CPAD) do hospital, o número de aparelhos que serão utilizados ainda não está definido.

Apesar da expectativa de ser colocado em fase de testes a partir de março, o "drogômetro" ainda não será usado como prova para autuar motoristas flagrados dirigindo sob efeito de drogas porque não há homologação oficial no Conselho Nacional de Trânsito (Contran). A fiscalização baseada em outros indícios que não o resultado do teste com o equipamento, no entanto, já é permitida, pois o artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) prevê pena de seis meses a três anos de detenção, multa, suspensão ou proibição do direito de dirigir a quem conduzir veículos sob efeito de "substância psicoativa que determine dependência".

— Esses testes vão ajudar a referendar a homologação pelo Denatran e Contran e servirão para mostrar se o aparelho tem condições realmente de ser usado. Já testamos há dois anos, e ele realmente funciona, mas, agora, fazer um teste científico é importantíssimo — analisa o chefe da comunicação social da PRF, Alessandro Castro.

Fonte: http://qwerty.com.br