26/05/2015

Laudo encomendado pela Câmara aponta impurezas na água de Bagé



Não bastassem as averiguações já realizadas e em andamento para apurar a real qualidade da água fornecida em Bagé, após denúncias apresentadas por vereadores da oposição, mais um registro surgiu ontem. O presidente da Câmara, Divaldo Lara (PTB), ao ocupar a tribuna da casa, divulgou o resultado de um estudo encomendado e pago pelo Legislativo junto à empresa Toxilab.

Segundo o petebista, a análise identificou impurezas muito acima do aceitável no hídrico distribuído na cidade, assim como no “lodo” despejado pelo Departamento de Água e Esgotos (Daeb) junto ao aterro sanitário.

Conforme ele, em análise feita em água coletada na residência de um morador da cidade, no dia 4 de maio, e encaminhada ao laboratório contratado, foi constatado níveis de manganês, por exemplo, 1,5 mil por cento acima do permitido. Além disso, a turbidez do hídrico ficou 155% além do ideal, o ferro 466% a mais e o alumínio mais de 500%.

Os dados, contudo, causaram contrariedade em relação os relatórios apresentados, na semana passada, pela Vigilância em Saúde Ambiental Relacionada à Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiágua). Nesta averiguação, que apurou o hídrico de três pontos da cidade, todos os resultados foram avaliados como satisfatórios.

Outra análise apresentada por Lara, na oportunidade, foi a respeito do “lodo” que fora depositado no aterro sanitário. O material que, na atualidade, é investigado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), de acordo com o estudo da Toxilab, identificou a presença de 20 566% a mais de ferro que o permitido, 76 900% a mais de manganês e 700% superior de alumínio.
“O governo de Bagé cometeu um crime”, acusou o petebista após listar os dados. Ele voltou a cobrar uma atitude por parte do Executivo.
Aliás, os demais parlamentares da oposição focaram boa parte dos seus discursos nessa questão.

Contraponto
Apesar dos números apresentados por Lara, a bancada do governo na Câmara não demorou a criticar a análise exposta.

Janise Collares (PT), por exemplo, questionou a qualidade dos procedimentos adotados no exame em questão. “Para se fazer uma análise séria precisa de coleta adequada, com material esterilizado. Não basta colocar em uma garrafinha pet e encaminhar ao laboratório porque, desse modo, compromete o resultado”, argumentou.

A petista, aliás, foi efusiva em sua avaliação. “O que o senhor disse aqui me deixa estarrecida. Temos um laudo oficial (Vigiágua), que ninguém pagou, da Secretaria Estadual de Saúde”, lembrou ela ao deixar em dúvida o processo realizado pela Câmara. “Parem de fazer terrorismo com a população de Bagé. Estão inconformados porque não conseguem provar que existem erros”, completou.

Por sua vez, Caio Ferreira (PT) disse que, caso estejam corretos os dados da Toxilab, estão incorretos os resultados da Vigiágua. “Então alguém está mentindo. É este laboratório ou é o governo do Estado”, indagou ao direcionar a dúvida aos apoiadores do Executivo do Rio Grande do Sul.

Para resolver
A disparidade entre os dados oriundos da Vigiágua e dos apresentados por Lara deve motivar uma acareação junto ao Legislativo.

Por sugestão de parlamentares como Sônia Leite (PP), da oposição, e Jandir Paim (PT), do governo, representantes do órgão de vigilância e do Toxilab devem ser convocados até a Câmara para defenderem suas análises. “Ia esclarecer muito a comunidade”, frisou Paim.

Fonte: http://www.jornalfolhadosul.com.br