A Associação dos Delegados de Polícia (ASDEP) e a dos Oficiais da Brigada Militar (ASOFBM) do Rio Grande do Sul adotaram cinco medidas para protestar contra o parcelamento dos salários. Entre as ações, está deixar de divulgar informações de Polícia Judiciária e Polícia Preventiva, evitando-se mídia positiva ao governo Estadual. Assim, desde sexta-feira, 7 de agosto, a imprensa tem sido proibida de ter acesso aos boletins de ocorrência em Bagé. A delegada Daniela Barbosa de Borba conversou com a reportagem do jornal FOLHA do SUL e se manifestou sobre o assunto: "não queremos prejudicar ninguém, apenas estamos nos manifestando e queremos a integralidade dos salários", explicou. Na Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento, está fixado um cartaz da Asdep avisando que não serão repassadas informações. Os policiais civis estão registrando apenas ocorrências que não possam ser confeccionadas no site www.delegaciaonline.rs.gov.br.
Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, Milton Simas Junior, a atitude recai sobre o trabalho da imprensa. “Entendemos que os cidadãos têm todo o direito de querer ou não que o delito ao qual foi vítima deva ou não ser publicado. A polícia faz a sua parte e nós, como jornalistas, fizemos que este elo muitas vezes contribua de forma essencial à elucidação e prisão de criminosos. Com tal decisão todos perdem: vítimas, polícia e o jornalismo. Esta medida resulta em um cerceamento, em uma censura velada”, ressalta.
De acordo com a professora de Direito Constitucional, Lourdes Helena da Silva, a situação se trata de uma “colisão” entre direitos fundamentais. “O direito da imprensa de informar e o direito das pessoas de serem informadas se contrapõem ao direito à greve. Nenhum direito fundamental é absoluto nem deve prevalecer de forma exclusiva sobre outro. Nessas situações deve haver uma ‘ponderação’ entre os envolvidos para que se possa conciliar, coordenar ou harmonizar os interesses. Só quando isto não seja possível é que se deve pensar em ponderação, devendo-se evitar o sacrifício total de um ou outro bem em conflito. O juiz é a figura a quem caberá fazer a harmonizaçao dos bens e princípios em conflito”, explica.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Bagé, Roberto Hech, defende que a Lei de Imprensa deve ser respeitada. “A imprensa deve ter acesso a todas informações, desde que não sejam segredo de justiça ou que venham a prejudicar as investigações da polícia. A medida fere o direito do cidadão ter acesso à informação”, destaca.
Fonte: http://www.jornalfolhadosul.com.br