09/07/2015

Santana do Livramento - Trabalhadores da saúde vão para a rua

Prefeito promete apoio e diz: “Santa Casa não vai fechar”. Greve é mantida pelos funcionários

A caminhada começou pouco depois das 10h da manhã. Mesmo com o frio, um a um, centenas de pessoas se juntaram na frente da Santa Casa para participar da caminhada que tinha vários objetivos: pedir atenção da comunidade para o caso da saúde pública; anunciar a greve dos trabalhadores; protestar contra as demissões e medidas de contenção de despesa da administração do hospital e fazer com que “a voz do trabalhador seja ouvida para além de Sant’Ana do Livramento”. Mais de 250 pessoas participaram da caminhada.

Durante a caminhada, os trabalhadores gritavam palavras de ordem: “queremos o nosso salário! Não às demissões!”. Muitos fizeram apitaço e usaram nariz de palhaço para participarem da passeata que saiu da Santa Casa, seguiu para a Avenida Almirante Tamandaré, depois desceram a Rua dos Andradas e foram em direção ao prédio da Prefeitura. Durante a caminhada um carro de som seguia na frente anunciando para os populares do que se tratava o movimento, intercalando, a música “Pra dizer que eu não falei de flores” de Geraldo Vandré fazia a harmonia dos passos daqueles que se juntaram em prol da saúde.

Trabalhadores unidos
Outros trabalhadores também se juntaram ao grupo de funcionários da Santa Casa, como foi o caso dos servidores públicos do Poder Judiciário. Segundo José Augusto, servidor público, tanto trabalhadores da Santa Casa como da Justiça estão todos na mesma situação, “o corte de verba não atinge só uma categoria, ou só um setor, repercute nos serviços prestados pelo Estado que não é só o judiciário, é a saúde, segurança, educação, e por isso o motivo de estarmos aqui, estamos juntos com eles também. Estamos firmes”. Segundo o servidor, 20 pessoas participaram da caminhada em apoio ao funcionalismo da saúde. Membros do Movimento dos Sem Terra também participaram e apoiaram a manifestação dos trabalhadores da saúde. Também quase que a totalidade dos vereadores seguiram a passeata ao lado dos trabalhadores. Presentes também membros da classe de professores, sindicatos, entidades de classe e servidores municipais.

A chegada à prefeitura
Quando o grupo apontou na Praça General Osório, o Prefeito Glauber Lima já estava na frente do prédio esperando pelos manifestantes, acompanhado de alguns secretários de pasta, inclusive a secretária da saúde. À frente do grupo o presidente do sindicato, Sílvio Rodrigues, cumprimentou o Chefe do Executivo. O documento com as reivindicações dos trabalhadores foi entregue ao prefeito e numa palavra emocionada, Sílvio Madruga proferiu as seguintes palavras:

“Estamos falando de gestão, não de gestão que estão nos propondo Prefeito. Agora, nos propuseram há duas ou três semanas a redução de 25% do nosso trabalho, quando a maioria recebe 1.000,00 reais de salário. Por acaso vamos deixar 250,00, quando já não recebemos? Não podemos ficar submissos a esta administração e a um administrador que já deu a sua contribuição e já não tem mais força. Então, lhe comunico que em 72h estaremos entrando em greve, porque a classe trabalhadora não vai aceitar isso. Nós não somos covardes, não somos submissos, nós estamos aqui fazendo a nossa parte e não podemos falar do Governo Municipal sem fazer a ação primeiro e trazer a nossa voz aqui, voz dos trabalhadores e voz da população”.

Prefeito promete que Santa Casa não vai fechar
Eu quero dizer a vocês que se eu disser que estou muito preocupado ainda é pouco pela ação da Santa Casa. Depois dessa audiência eu estou saindo direto para Porto Alegre e lá eu tenho uma reunião na FAMURS com outros prefeitos e onde dentre outras coisas relacionadas à saúde, vamos também estar tratando dois hospitais. Dessa crise absurda que foi instalada em território gaúcho. Eu quero dizer que eu vou fazer o que for necessário. Eu vou movimentar todas as forças vivas para que nos possamos reverter este quadro. Que vocês tenham certeza de uma coisa, mas certeza absoluta, eu encerro minha fala dizendo isso: no meu governo a Santa Casa de misericórdia não vai fechar as portas.

“Estamos sem comida em casa e com contas atrasadas”

O Jornal A Plateia conversou com diversos trabalhadores que afirmaram passar dificuldades com a falta de dinheiro, é o caso das trabalhadoras Carmem, Chaine, Daniele, Elizangela, Briany, Meire e Ana Maurícia (técnicas e enfermeiras). Elas disseram que já estão com contas em atraso, “não pagamos o cartão e vão cortar a conta de luz, é um absurdo. O empréstimo no banco também está atrasado e mal temos como comprar comida, um absurdo”, disse.

Briany disse que ficou também muito triste, porque não viu a população participar da caminhada, “só nós fomos lá lutando pela saúde de toda a cidade. Nem todos os vereadores participaram, ficamos tristes que as pessoas não se interessem por nós, porque estamos aqui trabalhando pela saúde de vocês e nessas horas não temos apoio. Estamos trabalhando de graça e isso nos revolta”.

Os trabalhadores citaram que tem amigos recebendo salários de R$ 120,00 e outro que recebeu R$ 22,00 para todo o mês. “Queremos que esta administração saia do hospital, porque eles não estão lutando por nós e se depender deles vão continuar demitindo e nada será feito para ajudar os trabalhadores e a própria saúde”, disseram. “Muitos não têm nem como vir trabalhar, o que recebem mal dá para comprar comida e vale transporte deram para dez dias quando o mês tem 30” dias disse Briany.

Palavra da Santa Casa
Em entrevista concedida para a Rádio RCC FM, o Administrador Adolfo Pereira reconheceu o direito de greve por parte de qualquer trabalhador, desde que exercida de forma justa e correta. Segundo disse, “a crise teve origem com o Governo Estadual. Esta geração de problemas não é da Santa Casa. As pessoas estão interpretando errado e transferindo para a Administração a culpa pelos problemas”. “Estão indo com uma greve contra quem? Com medo de serem demitidos? Me apontem quem está sendo demitido?”, disse Adolfo Pereira. 

Adolfo disse que não afasta a possibilidade de demissão, mas esta é uma decisão que parte de uma mesa diretora e não apenas do administrador. “Estamos com dificuldades para manter a Santa Casa, mas até o presente momento a Santa Casa está funcionando. A culpa não reside na Administração”. Adolfo disse ainda que mesmo que outros administradores venham eles passarão pelos mesmos problemas. “Devemos unir as forças e buscar soluções coletivas”, falou ainda.

Nota da redação
Diante de declarações proferidas na Rádio RCC FM na manhã de ontem com relação à frase escrita no Jornal A Plateia, página 8, a Redação deste Jornal informa aos seus leitores e comunidade santanense que sempre preza e prezou em suas publicações pela verdade. Que cada fato e palavra dita são fruto do trabalho sério do repórter não havendo, portanto, nenhuma má intenção ou margem para interpretação daquilo que, senão apenas a verdade.

Fonte: http://www.aplateia.com.br