03/06/2015

Jaguarão - Ponte Barão de Mauá é o primeiro patrimônio cultural do Mercosul

Foto: Vinicius Peraça

A ponte que liga as cidades de Jaguarão, no Rio Grande do Sul, e Rio Branco, no Uruguai, foi oficializada como patrimônio do Mercosul. A cerimônia de certificação ocorreu na tarde de sábado (30) e contou com as presenças do ministro da Cultura do Brasil, Juca Ferreira, da ministra da Educação e Cultura do país vizinho, Maria Julia Muñoz, do deputado federal, Fernando Marroni (PT), e da deputada estadual, Miriam Marroni (PT).

Construída entre 1927 e 1930 como acordo entre Brasil e Uruguai para o pagamento de uma dívida de guerra, a estrutura já era considerada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como o primeiro bem binacional. Agora, tornou-se o primeiro patrimônio cultural reconhecido no Mercosul.

Para o ministro brasileiro, a Ponte Barão de Mauá agrega ao seu valor arquitetônico e histórico a simbologia da união entre dois povos. “Esta é a melhor experiência de fronteira do Brasil e uma das melhores do mundo.” Inspirado pela convivência entre brasileiros e uruguaios de Jaguarão e Rio Branco, Juca Ferreira afirmou que o governo pretende iniciar em 2016 uma política de integração entre as fronteiras.

Conforme a deputada Miriam, o intercâmbio cultural reforça as características comuns de brasileiros e uruguaios da fronteira e a ponte é um ícone que une os povos. “Na verdade essa travessia não representa a divisão entre Brasil e Uruguai, mas a união dos países e dos moradores de ambos os lados”, disse.

A gestão e conservação da ponte será feita pela Comissão Binacional a partir de um documento que expõe os princípios e as responsabilidades sobre a estrutura.

Diálogos da Fronteira
Antes de receberem o documento da Comissão de Patrimônio Cultural do Mercosul e descerrarem a placa na Ponte Barão de Mauá, os ministros participaram de uma conversa com moradores dos dois países na Biblioteca Pública de Jaguarão.

Assim como Maria Julia Muñoz, o ministro da Cultura brasileiro destacou a necessidade de criação de um fundo comum entre Brasil e Uruguai para financiar projetos culturais. Dentre eles estaria a consolidação de um sistema de coprodução audiovisual.

Juca Ferreira falou ainda sobre a Lei Rouanet, principal financiadora de cultura no Brasil, concentrando 80% dos recursos aplicados. O titular do MinC defendeu uma discussão sobre a legislação para tornar os recursos acessíveis a mais projetos. “Se esses 80% fossem aplicados em um fundo, poderiam ser melhor distribuídos e haveria um incremento de recursos na cultura brasileira”, defendeu o ministro.

O encontro tratou ainda das obras de restauração de prédios históricos de Jaguarão, contemplados com recursos do PAC Cidades Históricas. A presidente do Iphan, Jurema Machado, assegurou que mesmo diante dos ajustes na economia, nenhum projeto deixará de ser executado. Basta que os projetos apresentados sejam licitados para os recursos serem liberados. “Já existe cronograma para isso e nossa expectativa é seguir esse planejamento.”

Juca Ferreira também sinalizou com a criação de novos pontos de cultura voltados a regiões de fronteira. Conforme o ministro, até 2016 serão lançados novos pontos que fazem parte da meta de contar com 15 mil locais até 2020.

Fonte: http://www.jornaltradicao.com.br