Depois de uma primeira análise, realizada na semana passada, a Vigilância em Saúde Ambiental Relacionada à Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiágua), órgão vinculado à Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, fará uma nova avaliação do hídrico distribuído em Bagé. A coleta de amostras acontece hoje e deve ocorrer em cinco pontos da cidade.
Em conversa com a coluna, o engenheiro químico Luciano Zini, que será o responsável pelas coletas desta vez, comentou que a nova atuação pretende ampliar a abrangência da análise. “O primeiro serviço avaliou parâmetros básicos. Contudo, como recebemos amostras da população, em garrafas, indicando indícios de ferro e manganês maiores, faremos esta nova análise, que será um pouco mais complexa”, detalhou.
Conforme Zini, a coleta deve começar ainda na parte da manhã. “Irei até à Câmara de Vereadores e, de lá, partiremos para os cinco locais indicados”, relata.
Após coletar as amostras, disse ele, o material será encaminhado para um laboratório contratado pelo Estado. “O laboratório indicado pelo Ministério da Saúde fica no Pará. Porém, como pretendemos agilizar este processo, o governo contratou este outro, que fica em Porto Alegre”, disse, sem adiantar, porém, uma previsão para a divulgação dos resultados.
Debate político
A qualidade da água em Bagé, é bom lembrar, tem ganhado destaque na cidade, em especial, pela mobilização desencadeada pela bancada de oposição da Câmara de Vereadores. Os parlamentares, por mais de uma vez, criticaram o hídrico fornecido pelo Departamento de Água e Esgotos (Daeb), muito em função da coloração escura identificada em pontos da cidade.
Esse processo, por exemplo, acabou culminando com uma limpeza na Estação de Tratamento de Água (ETA), algo que não ocorria há pelo menos uma década. Mesmo com o serviço realizado pela prefeitura, as críticas permaneceram. Inclusive com denúncias encaminhadas ao Ministério Público, à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e a própria Vigiágua.
A partir disso, algumas vistorias foram desencadeadas. A de responsabilidade da Vigiágua, ocorrida na semana passada, porém, atestou que a água fornecida na Rainha da Fronteira era satisfatória. As demais não tiveram seus resultados apresentados até então.
Na sessão ordinária de segunda-feira passada, na Câmara, aliás, uma série de discussões sobre o assunto ocorreu. Os defensores do governo alegaram que a oposição nada mais estava fazendo do que uma espécie de terrorismo quanto ao tema.
Por sua vez, os vereadores contrários à administração municipal reiteraram que apenas buscavam uma solução. O presidente da casa, Divaldo Lara (PTB), na data, até apresentou um laudo encomendado pelo Legislativo junto ao laboratório Toxilab, o qual identificou índícios de impurezas muito acima do permitido.
Ontem, em conversa com a coluna, a vereadora Sônia Leite (PP) frisou que, caso, de fato, não sejam constatadas impurezas na água distribuída no município, é sinal de que a mobilização surtiu efeito.
Fonte: http://www.jornalfolhadosul.com.br