25/03/2015

Comunidade escolar realiza manifestação contra fechamento do Pré-B


Manifestação requer a reabertura de turma


Na manhã de ontem, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Dr. Mário Olivé Suñe, que iniciou o ano letivo com a notícia que o Pré-B não poderia mais funcionar e com a falta professores para a turma do segundo ano, realizou um manifesto. A comunidade escolar promoveu um “Abraço na escola”. O pedido é de que a turma volte, e as crianças possam ter aulas na própria comunidade de São Domingos.

Segundo a diretora da escola, Arleti Rosso, a descoberta de que o colégio não poderia mais oferecer o Pré-B veio a partir de uma demanda da comunidade escolar para a abertura de um Pré-A. “Fomos até a 13ª Coordenadoria Regional de Educação levando o pedido dos pais das crianças para a abertura de uma turma que atendesse alunos de 4 anos. Quando chegamos lá, ficamos sabendo que a turma de Pré-B (crianças de 5 anos) não poderia existir desde 2009”, conta.
Arleti afirma que, através desse manifestos, pretendem alcançar o objetivo de reabrir o Pré-B. “Também estamos manifestando contra a multisseriação do 1º e 2º anos. Os professores não aceitam e os pais estão inconformados”, explica.
De acordo com a professora Ana Lúcia Cabral, uma das alegações é a pouca quantidade de alunos. “Leciono há 21 anos na escola. A maior preocupação das mães é quanto ao transporte. Os ônibus em São Domingos passam de hora em hora, e a maioria delas tem outros filhos pequenos. A escola mais próxima é a de São Martim, que, ainda assim, é longe. Nenhuma mãe vai colocar seu filho de 4 anos, sozinho em um transporte. Não estamos manifestando contra a coordenadoria. Apenas, queremos a ajuda deles para continuar dando qualidade à educação”, completa.

Por sua vez, a mãe de uma das alunas do segundo ano, Gislaine Lacerda Nunes, afirma que a situação é difícil. “Tenho uma filha de 7 anos, que não está frequentando as aulas. Nos recusamos a levar para terem aulas em uma turma multisseriada. Essa é uma das reivindicações; a outra é a reabertura do Pré-B, que funciona há 30 anos na escola, e agora fecharam”, explica.
A aluna do segundo ano, Natiele Nunes Dias, de sete anos, relata sua tristeza em não estar frequentando as aulas. “É muito ruim ter aulas junto com a turma do primeiro ano. A professora dá mais atenção aos outros, que são pequenos. Ficamos perdidas”, relata.
A diretora-geral do núcleo do Cpers, Rosane Leite Mathucheski, diz que o movimento tem seu total apoio. “Que tipo de cidadão queremos formar? Estou apoiando esse ato e o ensinamento deles a lutarem por seus direitos. A lei diz que tem número máximo de alunos por turma, sobre mínimo não diz nada. É uma falta de consideração para com a comunidade escolar. Era para ser falado em como manter uma escola em funcionamento, e não em fechar e multisseriar”, ressalta.

CRE

De acordo com a coordenadora pedagógica da 13ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Zina Amélia Assumpção, uma situação irregular está sendo ajustada. “A regularização das escolas com Ensino Infantil é feita através do Conselho Estadual de Educação. As escolas que ainda oferecem vagas fizeram essa regularização antes de 2008. Infelizmente, não temos o que fazer quanto a essa turma da escola Mário Olivé Suñé, pois esbarramos em uma questão legal”, fala.
Para que as crianças não fiquem sem aulas, Zina comenta que, no encontro com a Defensoria Pública, na última semana, representantes da Secretaria Municipal da Educação garantiram que os estudantes terão vagas nas E.M.E.I.’s. “Nenhuma criança vai ficar sem aula, já foi acertado com o município que esses alunos terão vagas. Porém, isso não é um problema de agora, nem do atual governo. Quando a escola entrou com uma ação judicial, em 2009, contra o governo, recebeu uma autorização para funcionar o Pré-B, durante o ano de 2010, enquanto os fatos eram apurados. Em 2011, saiu o julgamento do caso, não autorizando a escola a ter essa turma. Desde então, a instituição está funcionando irregularmente”, garante.
A respeito das turmas multisseriadas, a coordenadora explica que a escola tem cinco alunos no primeiro ano e dois no segundo ano. “Então, não teria como nomear um professora com 20h para atender apenas dois alunos. Sendo que, se multisseriada, a turma ficaria com sete alunos apenas. Não haveria prejuízo na alfabetização deles”, finaliza.

Fonte: http://www.jornalfolhadosul.com.br/