23/09/2014

Na liderança dos preços altos

Bagé foi constatada como o local com a gasolina mais cara do Estado, entre os 43 municípios gaúchos pesquisados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Pesquisa é realizada mensalmente pela Furg com base em dados da ANP

Crédito: TIAGO ROLIM DE MOURA
Os dados, equivalentes ao mês de agosto foram analisados pelo Centro Integrado de Pesquisas (CIP), da Fundação Universidade de Rio Grande (Furg). O preço médio deste combustível na rainha da fronteira é de R$ 3,25. Mas a cidade aparece em outro indicativo: é o oitavo lugar com menos concorrência entre os postos. Isto é, a gasolina mais cara, segundo a ANP, custa R$ 3,29 o litro, enquanto a mais barata é vendida a R$ 3,20 o litro.
O professor Tiaraju de Freitas é o responsável pela pesquisa da Furg. Segundo ele, Bagé não aparecia nos últimos tempos no topo do ranking. "O nosso trabalho é realizado mensalmente desde 2006. A nossa análise aponta que, quanto mais distante da refinaria, mais caro se torna o produto. Os locais com o custo da gasolina mais barato é na região metropolitana, onde são mais carros e os motoristas circulam entre as cidades e na fronteira com a Argentina, principalmente porque lá existe uma concorrência grande entre os postos dos dois países", explica.
Vinícius Fara, dono de vários postos em Bagé e diretor local do Sindicato dos Distribuidores de Combustíveis, acredita que na região metropolitana há uma concorrência predatória. "A gasolina sobe mensalmente nas refinarias, o salário da categoria aumenta entre 11% e 12% anualmente e tem um salário bem maior que o do comércio e aqui na região temos postos de alto padrão e isso também gera custos. Além disso, estas pesquisas não consideram a diferença entre a gasolina comum e aditivada, todas são tratadas da mesma forma, mas têm preços distintos", defende. Sobre a concorrência, Fara destaca que a fonte do produto entre todas as empresas do ramo de Bagé é praticamente a mesma, assim como todos os funcionários pertencem ao mesmo sindicato e os gastos como água e luz são semelhantes e os impostos estaduais são por valores presumidos, por isso os preços se assemelham.
Paulo Delevati, proprietário de uma rede de postos, salienta que a pesquisa não abrange a todos os municípios gaúchos e afirma que há outras cidades com preço mais alto. Entretanto, ele revela que as fornecedoras fazem o preço conforme o local para onde vai aquela gasolina. "Se na região metropolitana a concorrência é maior, eles vendem por um preço mais baixo, mas precisam tirar isso que perdem de alguma forma. Aí entra Bagé cobrindo os valores revendidos em outros lugares. É o mesmo que acontece com os imóveis", compara. Segundo ele, quanto à concorrência, os motivos são os mesmos apontados por Fara, os custos da empresa e do produto. "Milagre não existe. Todos carregamos no mesmo local e pagamos os mesmos tributos, não tem como ser muito diferente, o preço de um estabelecimento para o outro. Mas se for juntar estes centavos, se vê a diferença", resume.

Fonte http://www.jornalminuano.com.br/