Bagé foi constatada como o local com a gasolina mais cara do Estado, entre os 43 municípios gaúchos pesquisados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Os dados, equivalentes ao mês de agosto foram analisados pelo Centro Integrado de Pesquisas (CIP), da Fundação Universidade de Rio Grande (Furg). O preço médio deste combustível na rainha da fronteira é de R$ 3,25. Mas a cidade aparece em outro indicativo: é o oitavo lugar com menos concorrência entre os postos. Isto é, a gasolina mais cara, segundo a ANP, custa R$ 3,29 o litro, enquanto a mais barata é vendida a R$ 3,20 o litro.
O professor Tiaraju de Freitas é o responsável pela pesquisa da Furg. Segundo ele, Bagé não aparecia nos últimos tempos no topo do ranking. "O nosso trabalho é realizado mensalmente desde 2006. A nossa análise aponta que, quanto mais distante da refinaria, mais caro se torna o produto. Os locais com o custo da gasolina mais barato é na região metropolitana, onde são mais carros e os motoristas circulam entre as cidades e na fronteira com a Argentina, principalmente porque lá existe uma concorrência grande entre os postos dos dois países", explica.
Vinícius Fara, dono de vários postos em Bagé e diretor local do Sindicato dos Distribuidores de Combustíveis, acredita que na região metropolitana há uma concorrência predatória. "A gasolina sobe mensalmente nas refinarias, o salário da categoria aumenta entre 11% e 12% anualmente e tem um salário bem maior que o do comércio e aqui na região temos postos de alto padrão e isso também gera custos. Além disso, estas pesquisas não consideram a diferença entre a gasolina comum e aditivada, todas são tratadas da mesma forma, mas têm preços distintos", defende. Sobre a concorrência, Fara destaca que a fonte do produto entre todas as empresas do ramo de Bagé é praticamente a mesma, assim como todos os funcionários pertencem ao mesmo sindicato e os gastos como água e luz são semelhantes e os impostos estaduais são por valores presumidos, por isso os preços se assemelham.
Paulo Delevati, proprietário de uma rede de postos, salienta que a pesquisa não abrange a todos os municípios gaúchos e afirma que há outras cidades com preço mais alto. Entretanto, ele revela que as fornecedoras fazem o preço conforme o local para onde vai aquela gasolina. "Se na região metropolitana a concorrência é maior, eles vendem por um preço mais baixo, mas precisam tirar isso que perdem de alguma forma. Aí entra Bagé cobrindo os valores revendidos em outros lugares. É o mesmo que acontece com os imóveis", compara. Segundo ele, quanto à concorrência, os motivos são os mesmos apontados por Fara, os custos da empresa e do produto. "Milagre não existe. Todos carregamos no mesmo local e pagamos os mesmos tributos, não tem como ser muito diferente, o preço de um estabelecimento para o outro. Mas se for juntar estes centavos, se vê a diferença", resume.
Fonte http://www.jornalminuano.com.br/