27/03/2014

Município começa adesão ao Balada Segura

A  chegada de uma equipe do Detran marcou, na manhã de ontem, o inicio do credenciamento de Bagé para a implantação do Balada Segura um projeto que já funciona em 21 municípios do Estado. Uma reunião iniciou a implantação da iniciativa. No dia 3 de abril, às 9h no salão nobre da Prefeitura, outro encontro constituirá o Comitê Municipal da Balada Segura. Conforme explicou o coordenador estadual do projeto, Vitório Trovão, até amanhã, escolas, universidades e várias entidades que integra a sociedade civil serão visitadas. A intenção é convidar para participar do encontro e integrar comitê. Acontece que a participação em tal comitê não será exclusiva para os envolvidos com o trânsito, mas também e sobretudo para quem trabalha com o comportamento dos cidadãos. Isso, porque a conscientização e educação dos motoristas está entre as prioridades do Balada Segura.
Portanto, é importante explicar que o projeto terá uma coordenação regional, pelo Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul, que custeará todas as ações. Aliás, está prevista a formação de uma equipe de profissionais do Detran para atuação em blitz. A Brigada Militar deverá garantir a segurança; a Polícia Civil terá como compromisso agilizar a confecção dos boletins de ocorrência, para que os agentes possam retornar às ruas. As equipes, tanto do Detran quanto do município (fiscais de trânsito) contará com de oito a dez agentes, enquanto a Brigada Militar deverá disponibilizar de quatro a seis profissionais.
Hoje, Bagé tem 32 agentes de trânsito e o mínimo exigido para aderir ao Balada Segura são 15 servidores. Em cidades do porte de Bagé, que tem mais de 118 mil habitantes, deverão ser realizadas, no mínimo, duas blitz por semana. Os agentes receberão formação, inclusive porque pelo menos uma vez por mês será realizada uma blitz educativa. Essas ações são obrigatórias. Trovão pondera que não há motivos para não aderir ao projeto, uma vez que o Detran custeará todos os equipamentos para realização das atividades, além do material para a conscientização dos cidadãos. Trovão garante que as blitz previstas não são comuns. “Por isso, a importância da capacitação e do investimento”, ressalta. A abordagem é diferenciada e ainda deverá ser implantado um sistema pelo qual é possível verificar se o carro que se aproxima da blitz é, por exemplo, roubado.

Capacitação e abordagens
Esse sistema garantirá segurança aos agentes de trânsito. Diante de uma situação como essa,  quem realizará a abordagem é a polícia, assim os agentes não estarão em risco. Outra previsão é a capacitação de agentes, em Porto Alegre, no Hospital das Clínicas: os profissionais aprenderão a reconhecer os sinais de embriaguez – vale lembrar que muitas vezes os motoristas se recusam a submeter ao teste do etilômetro. Tal capacitação dura, em média, três meses. A conscientização dos motoristas é o principal diferencial do Balada Segura, o que justifica a formação do comitê. Trovão explica o motivo do convite a entidades que trabalham o comportamento dos cidadãos. “Hoje, o que mata é o comportamento no trânsito”, alega. Assim, Trovão defende a participação de igrejas, por exemplo, cuja ação molda o comportamento das pessoas. “Tudo nos interessa por uma cidade melhor”, comenta.
Também serão convidados os definidos como “points de alcoolemia”, ou seja, o comércio. A ideia é explicar que o Balada Segura não quer proibir o consumo de álcool, mas incentivar uma ação responsável. “O motorista precisa entender que, se beber, não pode dirigir”, disse. Também devem integrar o comitê clubes, associações de moradores e sindicatos. Nas escolas serão buscados multiplicadores. Cada um dos integrantes do comitê será orientado a desenvolver ações nos grupos que representam.

Prazos e resultados
Trovão frisa que o convênio ainda deverá ser assinado, o que ocorrerá, daqui um mês ou um mês e meio – dependerá, segundo ele, sobretudo da agenda do executivo. Ele afirma que as ações do projeto trouxe resultados nos 20 municípios – um dos 21 municípios ainda está em fase inicial de implantação. Em Porto Alegre, por exemplo, a cada 100 abordagens, 6,6 motoristas não quiseram fazer o teste do etilômetro e, por isso, receberam multa equivalente a R$ 1,9 mil; 2,3% foram multados após o teste, por excederem o limite de consumo; 1% foi multado pelas condições serem consideradas crime. Foram realizadas 1.070 blitz e 76.700 abordagens. A estratégia de realização de blitz são ações em diferentes horários. A intenção é que o motorista sai de casa ou da festa sem saber se poderá ou não encontrar uma blitz. Serão realizadas abordagens não só nos horários quando mais ocorrem mortes – das 22h às 6h  e das 11h, às 13h.
Isso é justificado porque, em Porto Alegre, desde a implantação do Balada Segura, ocorreu a redução de 17% dos acidentes, enquanto a redução foi maior na “hora da morte”, com índice de 37%. “Isso significa que houve uma migração. Por isso, temos que mexer com a cabeça. Não divulgar horários nem dias”, argumenta. Outra novidade é que o município arcará com as despesas da geração de multas: a cada multa aplicada, terá que pagar R$ 28 para o Detran. Contudo,70% do valor das multas pagas será revertido para o município. O chefe de gabinete da Secretaria de Transporte e Circulação, Paulo Thomaz, enfatiza, contudo, que o foco não é a captação de recursos. Também participou do encontro o coordenador regional do Balada Segura, Jair da Luz.