A afirmação do secretário estadual de Minas e Energia do Rio Grande do Sul, Artur Lemos, de que o impasse gerado pelo valor proposto pela Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE) no que se refere à compra do carvão produzido pela Companhia Rio-grandense de Mineração (CRM) poderá resultar na venda da estatal gaúcha no mês de maio repercutiu.
Em contato com o jornal Folha do Sul, o presidente da CRM, Edivílson Brum, confirmou, ontem, a declaração de Lemos e destacou que o momento é preocupante. “A situação é muito grave e está insustentável, caso a CGTEE não evolua no valor pago pela tonelada de carvão. Isso está gerando grandes dificuldades para manter as atividades da companhia”, manifestou o dirigente que reitera ser necessário chegar a um valor que possibilite a manutenção das atividades da CRM.
O problema é que a CGTEE é a única cliente do carvão extraído pela CRM, com contrato até o ano de 2024 e, hoje, o preço estipulado pela estatal federal à gaúcha é de R$ 56,94 pela tonelada, sendo que o valor indicado para manter as atividades é o de R$ 71,73. “Já tivemos uma redução na demanda da CGTEE pelo carvão, que passou de 3,5 milhões de toneladas em 2015, para 2,3 milhões de toneladas no ano passado; agora a demanda é de apenas 1,2 milhão de toneladas, ou seja, precisamos ter um valor maior para fazer com que a companhia continue operando”, afirma Brum. Ele destaca que estão sendo feitas reuniões com a CGTEE para tentar sensibilizá-la quanto ao problema que poderá resultar no fechamento da companhia. O dirigente informa que estão sendo realizadas conversações com o Fundo de Desenvolvimento Energético e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para que se aumente o valor do carvão demandado pela CGTEE.
O presidente da CRM também pondera que já foram feitos todos os tipos de reduções para manter um equilíbrio nas finanças da empresa. “Já fizemos um enxugamento no quadro em 25%. Inúmeros contratos foram extintos e revisamos tantos outros, além de outras mudanças. Além disso, temos trabalhado em nosso termo aditivo com a CGTEE desde abril do ano passado e, até agora, não conseguimos nos acertar. Estamos mantendo diálogo aberto com ela, porém, se não houver uma mudança nessa perspectiva, a CRM terá que encerrar suas atividades”, conclui Brum .
Fonte: http://www.jornalfolhadosul.com.br