31/03/2016

SÃO GABRIEL - AVANÇOS NA SAÚDE SÃO AVALIADOS PELA POPULAÇÃO QUE É ASSISTIDA PELOS PROGRAMAS MAIS MÉDICOS, ESF E UNIDADE MÓVEL.


“Do Oiapoque ao Chuí”. O que uma expressão popular, que se refere a distância territorial de um extremo ao outro do Brasil, tem a ver com São Gabriel? Simples. É uma das formas que encontramos para exemplificar o quanto tão grande são as distâncias a serem percorridas no interior do Município e o quão é preciosa a implantação de uma Unidade Móvel de Saúde para atender o homem do campo.

São Gabriel tem duas equipes de Agentes Comunitários de Saúde capacitadas para atender a zona rural e, com elas, médicos, dentistas e enfermeiros. A base do programa é um ônibus especial adaptado com consultórios médico e odontológico e que desde que foi lançado – em dezembro do ano passado – já percorreu o Município de um lado ao outro atendendo mais de três mil pessoas. Na prática, o Programa – que é um complemento do Mais Médicos e Estratégia Saúde da Família (ESF), propostas que deram certo na cidade – tornaram a permanência do pequeno produtor mais fácil na área rural, ampliando a qualidade de vida do homem do campo e possibilitando acesso direto as ações dos setores da Secretaria da Saúde.

Três meses depois de lançada, a Unidade Móvel de Saúde – junto com o Programa Mais Médicos no interior – já visitou quase 100% da zona rural do Município. O ciclo será fechado nesta semana, quando as equipes retornam à localidade de Azevedo Sodré, onde tudo começou. A Unidade vai estar na quinta-feira (31/03) na propriedade do senhor Homero, na BR-158, concluindo a primeira etapa de visitações. Antes, nesta terça-feira, os serviços serão disponibilizados para os moradores das localidades próximas a região do CTG Querência do Pai Quati.

De acordo com o prefeito Roque Montagner, a Unidade seguirá, nos próximos meses, ações na área rural com um cronograma predefinido de visitas de 60 em 60 dias a cada região de São Gabriel. “Desta forma, a população vai poder contar com ações da Secretaria da Saúde em datas certas e, como tem famílias que residem em locais distantes e que quase não veem até a cidade para acompanhamento médico, agora terão atenção contínua completa de todos os programas da área Saúde. Para isto, basta se deslocarem para as localidades sedes a cada dois meses”, explica.

A Secretaria da Saúde reavaliou as localidades, instituições e residências que serão sede das descentralizações e definiu como pontos base os locais mais centrais e de fácil acesso para os moradores. “A proposta é tornar o mais central possível as sedes das descentralizações, permitindo que todos os moradores das localidades ao redor possam ter livre acesso aos servidores disponibilizados pela Secretaria”, explicou o secretário da Saúde, Daniel Ferrony.

Na primeira etapa, a Unidade Móvel de Saúde visitou mais de 30 localidades. Em algumas regiões, a presença das equipes de saúde surpreendeu. No Assentamento Madre Terra, localizado na região de Pavão – divisa com Santa Maria, a 70 quilômetros da sede de São Gabriel, a representante da Comissão de Saúde do Assentamento, Lisiane Rodrigues, admite que a saúde melhorou.

“Essa é grande mudança na saúde. Essa Unidade vai trazer benefícios para o Assentamento, assim como para as demais regiões, porque acho que todas precisam. Está sendo um momento ótimo. Todas as pessoas estão conseguindo consultar e interagir”, comentou.

A visita da Unidade aconteceu no dia 15 de março. Além do atendimento profissional médicos e odontológico, também foram realizados exames preventivos para as mulheres e testes rápidos de HIV, sífilis e hepatites; atualizações do programa Bolsa Família – CADÚnico, cartão do SUS e Cartão do interior; encaminhamento de exames e procedimentos e entrega de medicamentos.

Durante as descentralizações são realizadas palestras, quase sempre com alertas para a população feminina, com temas envolvendo doenças sexualmente transmissíveis e para o público infantil, focando os cuidados que a criança deve ter com a higiene bucal.

“Eu fiz parte da palestra sobre higiene bucal. Tu vê que a maioria das crianças nem escovas de dente tem, o que mostra que esse tema é essencial”, argumentou Lisiane Rodrigues.


AVANÇOS NA SAÚDE

A Unidade de Saúde localizada no Bairro Novo Horizonte pode ser considerada um marco na saúde pública de São Gabriel. Além de desafogar os postos Zona Oeste e Brandão Júnior, a nova unidade passou a atender toda a demanda que vem do interior. Quem mora na campanha garante que melhorou muito.

“Quando abriu o Esplanada foi uma emoção. É muito difícil, aqui neste assentamento, que não tem acesso algum, tu chegar as 10h30 ou 11 horas (a hora que o ônibus te deixa na cidade) e tu conseguir algum médico. O Esplanada nos dá isso hoje. Tipo… tu consegue chegar, consegue consultar com o dentista ou com um clínico”, comenta a responsável pela saúde no Assentamento.

Na cidade, os avanços tem como fator predominante a presença das equipes de médicos do Programa Mais Médicos. O diferencial, segundo aponta pesquisa realizada pelo setor responsável da Secretaria da Saúde, é o atendimento domiciliar.

Há cinco meses correndo de um lado para o outro para encontrar uma solução para a doença da mãe, Tânia Rodrigues, de 35 anos, disse que só foi ficar tranquila depois que a idosa passou a ser tratada pelo médico do posto do Bom Fim.

“Os médicos da cidade me disseram que ela corria o risco de ficar sem caminhar, de perder as pernas. Ele (médico cubano) atendeu a minha mãe quando o posto já estava fechando e dois meses depois o ferimento já estava cicatrizando”, comemora.

“Para nós, o programa é excelente. Não temos condições de levar ela até o posto e as visitas do médico possibilitam que continuemos o tratamento. Ele vem todas as quintas-feiras”, explica.

FILHA LARGA TUDO PARA CUIDAR DO PAI

Com trabalho fixo e a vida encaminhada em Porto Alegre, Elisabel Schley abandonou tudo para cuidar do pai, vítima de uma paralisia que o impede de caminhar e falar.

O idoso é atendido em casa por um profissional do Programa Mais Médicos da Unidade Zona Oeste. “Eu não teria condições de levá-lo até o posto. O atendimento domiciliar é muito bom, pois a mão de obra – sem esse apoio – seria muito grande. Sem falar que assim o médico é capaz de fazer um diagnóstico completo da situação, possibilitando ganhos para o paciente e para a saúde pública”, argumentou.

Fonte: https://n1noticia.wordpress.com/