14/07/2015

Bagé - Lunelli defende-se de acusação de denúncias de desvios de verbas da Urcamp

Na tarde de ontem, o professor João Paulo Lunelli chamou a imprensa no escritório do advogado Fernando Moreira para defender-se de acusações das denúncias feitas no inquérito concluído pela investigação da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), onde apura desvio de recursos da Universidade da Região da Campanha (Urcamp), em 2008.

O professor foi indiciado pelo delegado responsável Cristiano Ritta, pela suspeita de crime de estelionato e falsidade ideológica. 

Em sua defesa, o acusado destacou que há um equivoco de valores, pois, segundo o delegado, todos os avisos de crédito da gestão seriam fraudulentos. “Registro que a própria sindicância da universidade sobre isto apontou que foram constatadas possíveis fraudes, realizadas pelo escritório de cobrança, em valor inferior a R$ 30 mil, importância muito longe dos anunciados quase R$ 3 milhões”, explicou.

Lunelli também destacou que, na conclusão dessa sindicância foi recomendada a realização de perícia contábil para apuração e extensão de eventual ilicitude praticada pelo escritório de cobrança. “Eu e meu advogado requeremos isso diversas vezes para a universidade, em meus processos decorrentes da perseguição política que sofri, não sendo, infelizmente, nunca atendido. Inclusive disse que quebraria meu sigilo fiscal e bancário para que fosse realizada investigação, o que nunca foi realizado”, enfatiza.

Avisos de crédito
Os avisos de crédito seriam documentos utilizados pela Urcamp quando da concessão de auxílios para estudantes, que correspondem a uma ou mais disciplinas, salienta o professor. “Esses documentos são também usados nos casos de descontos no recebimento de dívidas, equivalentes ao abatimento concedido para que se integralize o valor devido na hora do pagamento. Destaca-se que os avisos de crédito sempre foram usados na instituição, consistindo em rotina dentro da Urcamp. Eles tramitam na tesouraria, na contabilidade, na reitoria, no conselho diretor e nas auditorias, sendo um sistema usado por diversas entidades. Portanto, essa prática não faz parte de um 'esquema', como foi referido nas matérias divulgadas, e sim, é uma forma de permitir a permanência, o reingresso de alunos e o recebimento de dívidas”, ressalta Lunelli.

Moreira, advogado do acusado, afirmou que ainda não teve acesso ao inquérito, mas que a defesa consistirá em demonstrar a idoneidade do seu cliente. “Vamos provar que, em nenhum momento, ele praticou qualquer delito que está sendo imputado. Estes precisam de elementos subjetivos, o dolo (vontade da prática) e a culpa (negligência, imprudência ou imperícia). Em toda trajetória, começando como funcionário, não se tem noticia, até porque não houve, que fosse doloso ou culposo. Vamos demonstrar que, em nenhum momento, ele participou de qualquer ato que possa ter trazido prejuízos à universidade”, finalizou Moreira.

Indiciados
O delegado indiciou o advogado responsável pelo escritório de cobrança, Marcelo Costa Brasil, pelos crimes de estelionato, falsidade ideológica, falsidade de documentos e lavagem de dinheiro. "Também foram indiciados no processo o ex-pró-reitor João Paulo Lunelli, e a ex-pró-reitora substituta, Sílvia Zilá Mesquita Silveira, por estelionato e falsidade ideológica. Os relatos e a situação de desvio nos levaram a crer que há envolvimento dos ex-funcionários da Urcamp e do advogado do escritório, que fazia a cobrança dos alunos", declara Ritta.

Após um ano de investigação, o delegado ressaltou que ouviu apenas os ex-funcionários. "Durante os depoimentos, os pró-reitores informaram que não se davam conta do que assinavam e não sabiam que havia desvio. Já o advogado não se apresentou em nenhum momento para prestar depoimento", finalizou o responsável pelo inquérito.

Os outros dois indiciados, Sílvia Zilá e Brasil, não foram encontrados pela reportagem. O Jornal FOLHA do SUL garante espaço para qualquer manifestação dos demais envolvidos.

Fonte: http://www.jornalfolhadosul.com.br