O segundo semestre será marcado pela inauguração das duas primeiras obras - de uma série de 11 ações - do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas 2, em Jaguarão. E a expectativa é de que existam outros motivos para comemorar, além da reabertura do Teatro Esperança e do Mercado Público Municipal. Mais quatro restaurações devem começar até o final do ano. A confirmação é do superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Rio Grande do Sul, Eduardo Hahn.
Nesta semana, uma equipe técnica da Secretaria de Planejamento e Urbanismo estará em Brasília para reunir-se com representantes do Iphan, onde estão em análise três desses quatro projetos, para recuperarem os prédios da prefeitura, da Casa de Cultura e da Igreja Matriz do Divino Espírito Santo. “Queremos saber mais detalhes do andamento dos trabalhos e, se tivermos uma resposta positiva, temos condições de licitar e realizar todas as obras ao mesmo tempo”, garante a arquiteta Adriana Pagliani Ança, em tom otimista.
O prédio da Inspetoria Veterinária, sob risco de desabamento, também integra a lista do que está por vir em 2015. Quem garante, de novo, é o superintendente Eduardo Hahn, ao se manifestar na tarde da última quinta-feira.
À espera dos espetáculos
Ainda não há dia certo para o deslizar das cortinas, mas o clima que começa a tomar conta de quem ultrapassa os tapumes do Teatro Politeama Esperança (foto acima) é de encantamento. E ansiedade. Quando o Diário Popular pisou neste templo das artes, na última segunda-feira, a expectativa era pela colocação das 460 cadeiras na plateia e nas galerias. A organização dos lugares, assim como a pintura da fachada, deveriam indicar o sinal verde à reinauguração. Apenas deveriam.
Um pedido do Corpo de Bombeiros para adequação no Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) - para complementar o sistema de acesso a hidrantes - deixa para trás a intenção de reabertura no final deste mês. As tratativas com a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) foram, inclusive, interrompidas. Agora, todos os andares deverão contar com mangueiras e não está descartado ter de quebrar paredes para viabilizar a instalação.
Ao ser questionado sobre a alteração nos planos, o secretário de Cultura e Turismo, Alencar Porto, preferiu não arriscar nova data. Optou pela projeção ampla: o segundo semestre de 2015. E haverá muito a festejar, depois de mais de cinco anos de espera, entre obras e interrupções. A transformação é geral. Para público e artistas. Por dentro e por fora da construção que começou a ser erguida em 1887. Do telhado ao piso. Das galerias aos camarins, que ganharam banheiros. Da estrutura para evitar sinistros às adequações de acessibilidade.
Para completar, quando um espetáculo subir ao palco, não será necessário locar luz e som. O Teatro já conta com os equipamentos, inclusive, instalados. Só à espera da estreia.
Para todos. Ao acompanhar a fase final das obras, o secretário falou na importância de a população se apropriar do espaço. “Este é um aparelho cultural muito importante e não queremos que fique fechado ou dirigido a eventos para poucos”, sustentou. “Não é um espaço para elite intelectual.” E para atender a prerrogativa de garantir o acesso e incluir a todos e às diferentes manifestações artísticas, a prefeitura irá apostar no diálogo com as comunidades.
A criação do Sistema Municipal de Cultura - com a instituição do Fundo e do Conselho de Política Cultural - deverá servir de incentivo à produção local de música, dança, teatro, literatura, artes plásticas... O primeiro edital, para financiar projetos, deve ser publicado ainda neste ano. O valor a ser disponibilizado não está definido.
Um novo prédio, uma mesma história
No Mercado Público Municipal, em estilo colonial português, é intenso o ritmo das obras. Mais de 30 operários envolvem-se na restauração do prédio, que começa a reaparecer, com aberturas, marcos e molduras recuperados e um olhar - criterioso - que vai do piso à cobertura. A colocação de chapas galvanizadas se transformará em proteção redobrada ao telhado que, em caso de uma das telhas deslocar-se, ficará protegido das chuvas. A água atingiria as chapas metálicas e, dali, escoaria direto para as calhas - explica a arquiteta Lorena Fonseca.
À medida que um novo Mercado surge - à espera das cores branco e azul -, cresce a convicção de que restaurá-lo é, sim, apostar na história de Jaguarão e na religação com o rio. “Esta é uma área embrionária da cidade, em função do porto e dos primeiros povoados na Cidade Baixa. Aqui é que chegavam as mercadorias”, destaca a secretária adjunta de Cultura e Turismo, Andréa Lima.
E era também por ali, naquelas mesmas imediações, que negros, escravos, tentavam suas fugas. E, a partir de 1842, as grávidas lutavam para dar a luz a seus filhos no Uruguai. Era estratégia para nascerem em solo livre.
Cuidado e preservação. A retirada das raízes que, ao longo dos anos se espalharam pela área externa do Mercado, deve ocorrer até o final deste mês. Um estudo técnico indicou a melhor forma de remoção para não colocar em risco a estrutura das figueiras, que também agregam valor ao ambiente; um dos tantos cartões-postais jaguarenses.
Fonte: http://variedadesruba.blogspot.com.br