19/09/2014

Ficheiro revela o outro lado da profissão


Maciel diz que não faz parte de rede de venda de fichas
Maciel diz que não faz parte de rede de venda de fichas
Crédito: Niela Bittencourt
Após matéria publicada na edição do dia 12 de setembro, no jornal FOLHA do SUL, sobre a venda de lugares na fila para fichas no Posto de Atendimento Médico I, Paulo Cézar Mendonça Maciel, de 52 anos, que se identificou como um dos ficheiros apontados pela testemunha, veio até a reportagem contar a outra versão da história, do ponto de vista do trabalhador. Maciel conta que as acusações da estudante de direito, Clódia Sandim, não condizem com sua conduta durante o aguardo da distribuição da ficha.
Após trabalhar regularmente durante anos, Maciel conta que ficou desempregado por motivo de doença, e não conseguiu mais emprego desde então. "Mas não gosto de ficar parado. Não consigo ficar em casa esperando a vida passar", conta. A atividade que Maciel escolheu, para não ficar inativo é guardar lugar na fila para pessoas que precisam. "Aquela senhora me acusou de muita coisa que eu não faço. Eu não agrido ninguém e muito menos fumo. Nem o que ela disse sobre o valor cobrado confere", diz. Ele conta que cobra de R$20 a R$25 pelo serviço.
Conforme conta Maciel, muitas pessoas guardam lugar na fila e tiram fichas para outras, por motivo de saúde. "Não faço nada de errado, não furo fila e aquela imagem não condiz, ou as pessoas iriam reclamar de eu estar simplesmente furando fila", declara. Ele relata que procura nem ficar sentado, enquanto trabalha na fila, para não ficar entediado, e, muitas vezes, sai para caminhar com o cachorro, após uma madrugada encostado na parede. "Ficar ali cansa, não só eu, mas muitas pessoas saem para dar uma volta e retornam para a fila", argumenta.


Clientela

Maciel diz que Clódia o acusou de fazer parte de uma rede de ficheiros. Ele nega isso. "Eu tenho meus clientes fixos. Já trabalhei três anos para uma mesma senhora, que tinha um problema de saúde e não podia ficar na fila. Eu tenho meus clientes, que me conhecem, sabem minha índole e, principalmente, sabem que não roubo dinheiro de ninguém", conta.
O ato de guardar lugar na fila não é ilegal. A reclamação da população em geral é quanto às confusões que intimidam outras pessoas, que ficam no local para tentar a consulta. Outro problema é que, muitas vezes, os ficheiros passam na frente várias pessoas que já pagaram pelo serviço. "Eu não faço parte de nenhum grupo de bêbados ou brigões. Não quero confusão com ninguém. Essa semana, fui só ontem tirar ficha. Fui ofendido e até me tiraram do lugar", reclama.

Fonte http://www.jornalfolhadosul.com.br/