26/03/2015

Estado e grupo norte-americano firmam protocolo de intenções para instalação de fábrica em Candiota


             Sartori criou equipe para tratar do assunto


O grupo norte-americano TransGas Development Brazil pretende iniciar as obras do seu primeiro empreendimento no Brasil: implantar, no município de Candiota, com investimento projetado hoje em US$ 2,7 bilhões, uma fábrica de fertilizantes a partir da gaseificação do carvão mineral. A unidade extrairá do carvão o syngás (mistura de monóxido de carbono e hidrogênio), matéria-prima para a elaboração do fertilizante. O protocolo de intenções foi assinado quarta-feira, no Palácio Piratini, entre o governador José Ivo Sartori, o presidente da TransGas, Adam Victor, secretários, Companhia Rio-grandense de Mineração (CRM) e prefeitos.
Conforme a apresentação feita pelo presidente da TransGas, serão gerados cinco mil empregos temporários nos 39 meses necessários às obras. Depois de pronta, a fábrica terá 300 postos fixos de trabalho. Fornecedores e parceiros da unidade criarão mais 300 empregos e as áreas da infraestrutura e mineração, outros 600 postos, informou o Executivo. A preferência pelo Rio Grande do Sul, segundo Victor, deve-se à presença, no Estado, de 80% das reservas de carvão do Brasil. A CRM é concessionária das jazidas de Candiota e Minas do Leão. “Firmar contrato com fornecedor estatal nos dá tranquilidade jurídica e operacional”, disse.
No plano estratégico, a implantação da fábrica deve-se à necessidade mundial crescente de expansão da produção de alimentos, cenário no qual o Brasil "é um celeiro", enfatizou Victor. "Cerca de 25% dos alimentos são cultivados no planeta a partir dos fertilizantes vindos do carvão mineral", acrescentou. O mercado da TransGas, no país, seriam cooperativas de produtores de grãos e consórcios de compradores de fertilizantes. A tecnologia é considerada limpa: a Transgas, em parceria com a alemã ThyssenKrupp, promove a extração do syngas por processo químico e não pela queima do carvão mineral. A CRM, de acordo com o presidente Edvilson Brum, fornecerá 2,5 milhões de toneladas de carvão/ano à planta industrial da Transgas. 

Grupo de trabalho
O governador Sartori criou grupo de trabalho para tratar do investimento com a Transgas, integrado pelas secretarias de Minas e Energia, Agricultura e Pecuária, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e Desenvolvimento Ciência e Tecnologia, mais a CRM. "Essa fábrica valoriza o carvão gaúcho, municípios, e a economia primária com a oferta local de fertilizantes, a um custo menor", afirmou Sartori. Hoje, informou o secretário de Minas e Energia, Lucas Redecker, o país é grande importador de fertilizantes e o protocolo garante as negociações para a instalação da fábrica. Para o presidente da CRM a produção do syngas, e depois amônia e ureia, é um marco para o Estado e para a Metade Sul.
A TransGas já sondou outros estados, como Santa Catarina, "mas as negociações aqui são as mais importantes, pois aqui o assunto é tratado com mais empenho e apoio", assinalou Victor. A meta da TransGas é produzir 2,1 milhões de toneladas de ureia por ano, mas as reuniões com o grupo de trabalho ajustarão os detalhes do empreendimento. O prefeito de Candiota, Luiz Carlos Folador, está otimista. "Nosso município tem 40% de toda a reserva de carvão mineral do Brasil. Já estivemos na sede administrativa da empresa, em Nova Iorque, e, ontem, os dirigentes da TransGas nos visitaram", explicou. A prefeita de Minas do Leão, Silvia Lasek, também participou da audiência.