11/09/2014

Santana do Livramento - Incêndio destrói parte do CTG Sentinelas do Planalto

VANDALISMO OU PRECONCEITO

Hipótese mais provável é de que o fogo tenha sido ateado por alguém junto à parede de madeira nos fundos do galpão

Incêndio no CTG Sentinelas do Planalto

Crédito: MARCELO PINTO/AP
O dia 11 de setembro, além da sinistra associação com o fanatismo e o terrorismo internacional, a partir de agora ganha também uma associação com a discriminação e o vandalismo. Um incêndio de origem não esclarecida, até o momento, destruiu na primeira hora de hoje parte do galpão que abriga a sede do CTG Sentinelas do Planalto, onde o Poder Judiciário realizaria amanhã seu segundo casamento coletivo deste ano, reunindo 29 casais, um dos quais homoafetivo.
O incêndio teve inicio por volta de 0h20min. Moradores perceberam o clarão na parte dos fundos do CTG e imediatamente acionaram as autoridades. Duas viaturas do Corpo de Bombeiros foram deslocadas para o local e por volta de 0h30min o fogo começou a ser combatido, mas já havia se espalhado rapidamente pela estrutura de madeira. As labaredas subiram vários metros, sendo vistas de vários pontos da cidade. Moradores correram para o local e rapidamente foi dado alerta sobre o incêndio, mas não houve nenhuma identificação sobre as causas. Um veículo, de cor branca, teria sido visto atrás do galpão, minutos antes de ser notado o fogo, e partiu rapidamente do local quando o incêndio começou.
O casal de patrões do CTG, Gilbert Gisler – Xepa, e Deise, se encontrava no CTG junto com um grupo de integrantes da patronagem e apoiadores. “Nós estávamos trabalhando, preparando tudo aqui, e também comemorando a liberação do alvará do Corpo de Bombeiros, que conquistamos porque atendemos a todas as exigências”, contou Xepa. Ele e Deise haviam chegado em casa, que fica na frente do galpão, e estavam deitando quando foram avisados do incêndio. “Fazia 10 minutos que nós tínhamos saído. E eu queria ter ficado, queria que ficasse um grupo por aqui, cuidando, mas nenhum de nós acreditava que tivessem tamanha ignorância e falta de respeito para com os outros”, lamentou.
Moradores da vila Planalto, integrantes do CTG e simpatizantes acorreram ao local. A Brigada Militar deslocou um efetivo para o local e teve dificuldade para contar alguns moradores, indignados com o incêndio, considerado “criminoso” pela maioria dos presentes. Os PMs interditaram a área no entorno do galpão, principalmente para facilitar o trabalho de controle das chamas pelo Corpo de Bombeiros. Técnicos que prestam serviços para o CTG acabaram ajudando, inclusive com relação à retirada de equipamentos e uma moto, que se encontrava no interior do galpão e poderia provocar alguma explosão. O equipamento de som, de propriedade do dj Elton Dornelles, havia sido retirado à tarde do palco (área mais afetada pelo incêndio) e guardado na parte da frente do CTG, onde praticamente não houve nenhum dano.
O comandante do 2º RPMon, Ten. Cel. Marcelo Gayer Barbosa, esteve no local e pessoalmente acompanhou os trabalhos. Ele determinou a interdição do galpão, que ficará guardado por grande número de PMs até a chegada de peritos do IGP. “É uma área de crime. Tem que ficar interditada”, disse. Uma das hipóteses levantada no local, ainda durante o trabalho de combate ao fogo, é de que o incêndio tenha sido provocado por algum tipo de artefato produzido artesanalmente, utilizando uma garrafa com algum tipo de material combustível.

O patrão do CTG Sentinelas do Planalto, Gilbert Gisler – Xepa, deverá prestar queixa nesta quinta-feira. De qualquer maneira, as condições em que ficou o galpão do CTG impedirão o uso imediato das instalações para a realização de qualquer evento, especialmente o casamento coletivo marcado para este sábado. Quanto à programação da Semana Farroupilha, Xepa e os demais integrantes da patronagem afirmam que será mantida. “Se for preciso, vamos montar uma barraca com lonas e botar a bandeira do CTG. O Sentinelas do Planalto continua na vigília da querência”, disse Xepa, em alusão do lema da entidade tradicionalista. Só não conseguiu vigiar os possíveis vândalos ou preconceituosos que marcaram também este 11 de setembro com um novo ato a ser lembrado pela sociedade como motivo de vergonha e indignação.
Fonte http://www.aplateia.com.br/