Em meio à luta pelo pagamento do piso salarial,
...os professores de todo o Estado iniciam, hoje o pleito que irá escolher a nova direção do Cpers, sindicato que representa a categoria frente às negociações com o governo. Enquanto a central de Porto Alegre conta com quatro chapas, a eleição da diretoria do 17º núcleo possui três concorrentes: chapa I - Sou mais Cpers; chapa II - Cpers unido e forte; chapa III - Romper as amarras.
A votação tem início às 8h de hoje e se estende até amanhã à noite. A presidente da comissão eleitoral do 17º núcleo, Gládis Deble, informa que serão disponibilizadas 19 urnas em toda a cidade. Além das escolas e do núcleo, uma urna volante irá passar nos locais que não foram escolhidos como sede de votação: Escola Justino Quintana, Escola Sepé Tiaraju, Escola Arthur Damé, Escola Luís Mércio, Escola São Judas Tadeu, Escola Frei Plácido, Coordenadoria Regional de Educação (CRE) e Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos (Neeja), no Presídio Regional de Bagé.
Gládis adianta que a intenção é informar o novo diretor já na quinta-feira, após o escrutínio dos votos.
Propostas
Chapa I - Sou mais Cpers
Professor de Educação Física da rede estadual desde 1985, Gérson Yamin, 56 anos, concorre pela primeira vez à direção do sindicato, ao qual pertence há quase 30 anos. Como ativista, foi fundador do Sindicato dos Professores do Município de Bagé, que na época ainda era chamado de associação.
Já atuou como coordenador pedagógico e coordenador adjunto da 13ª Coordenadoria Regional de Educação. Ele ressalta que entregou o cargo quando houve um impasse entre o governo e a categoria. "O Estado resolveu que não ia pagar o piso, após ter prometido isso em campanha. Não podia apoiar essa situação, então entreguei o cargo", relata.
Agora, como concorrente à direção do sindicato, ele destaca que vai apoiar a chapa da situação da central e manter a oposição da gestão do núcleo em Bagé, que são campos de gestão sindical diferentes. Além disso, vai propor à categoria a desfiliação da Central Única de Trabalhadores (CUT) e o não ingresso em nenhuma outra central. "A CUT não atende mais as necessidades da categoria, se descaracterizou da central. É melhor que o sindicato se torne independente", comenta.
Além disso, outra característica da chapa é o pluripartidarismo, com integrantes filiados em diversos partidos políticos, como PT, PP, PSDB, PSB e PDT. "O sindicato é uma coisa e o governo é outra. Queremos todas as representações atuando conosco", ressalta.
Entre as principais propostas da chapa I, estão:
- Intensificar a mobilização pelo cumprimento da lei do piso para professores e funcionários
- Defesa do Plano de Carreira
- Promoção para professores e funcionários, incluindo os aposentados
- Cobrança da transformação do vale-refeição para auxílio-alimentação
- Defesa intransigente do IPÊ-Saúde, que está sucateado
- Defesa da aposentadoria especial para especialistas da educação
- Promover maior integração entre professores, especialistas, funcionários e comunidade escolar
Chapa II - Cpers unido e forte
Professora de Biologia do Estado há mais de 30 anos, Delcimar Delabary Vieira já contabiliza no currículo uma passagem pela direção do sindicato, entre 2000 e 2002. Mas sua história com o sindicato começou muito antes, há mais de três décadas, como associada. Entretanto, a militância só teve início em 1999, como conselheira. Atualmente, Delcimar ainda participa das atividades do núcleo atuando novamente como conselheira.
Agora, lutando novamente para ocupar a direção do sindicato, ela afirma que um dos objetivos mais prementes é reafirmar os ideais do sindicato. "Queremos resgatar os valores pelos quais a entidade lutou no passado, prezando sempre pela educação, por melhores condições de trabalho e valorização dos professores e funcionários", resume.
Única chapa a disputar a direção que é a favor da continuidade da filiação à CUT, ela afirma que, além da lei do piso, a categoria deve ter mais voz e vez para que as propostas de campanha possam ser, efetivamente, cumpridas. "Quem sabe da situação dos professores são os próprios professores, mas muitos não têm conhecimentos sobre o que está acontecendo, não têm informações. O sindicato vem perdendo associados todos os anos e isso precisa mudar. Precisamos nos unir para lutar", reforça.
As principais bandeiras de luta da chapa II são:
- Pagamento do piso sem retrocessos no Plano de Carreira
- Cumprimento de 1/3 da hora atividade, estipulada em lei
- Luta por uma nova lei do vale-refeição, sem desconto
- Reforma do Ensino Médio: discutir com a categoria de forma responsável, buscar as contribuições e abrir negociação com o governo para as mudanças necessárias
- Realização de novos concursos e nomeação imediata dos já aprovados
- Defesa, manutenção e melhoria do IPE-Saúde
Chapa III - Romper as amarras
Com uma proposta diferenciada, a chapa busca a independência de ação do sindicato, sem vínculos com outras entidades, como a Central Única de Trabalhadores (CUT). Rosane Leite Mathucheski será a responsável por coordenar essas mudanças.
A candidata à direção-geral milita no sindicato desde 1996. Já foi conselheira e, atualmente, atua como tesoureira da diretoria atual. Aos 49 anos, a professora de Educação Física orgulha-se de ter participado de todas as greves dos últimos 12 anos, tempo em que está à frente da direção da Escola Mestre Porto.
Para ela, é urgente a desvinculação da CUT, que deixou de ter peso nas manifestações da categoria em busca de melhorias de condição de trabalho. "A entidade não nos representa mais, não participa das lutas e não cobra nossos direitos. A reforma da previdência de 2003, por exemplo, passou batida, sem que a CUT tenha se manifestado", comenta.
Além disso, outra ação proposta pelo grupo é a descentralização do poder em uma diretoria, composta por nove diretores. Rosane explica que uma diretoria em forma de colegiado atende melhor as necessidades da categoria que apenas a representação de uma direção centralizada.
Romper o aparelhamento partidário também está entre as prioridades da chapa. "Muitos sindicalizados entram no Cpers, mas trabalham para construir seus partidos e deixam a luta em segunda plano. Isso deve acabar. As pessoas devem ser comprometidas com a nossa bandeira de luta", declara.
Entre as propostas apresentadas pela chapa III, destacam-se:
- Manutenção do atual plano de carreira e inclusão na lei do Piso Nacional
- Descentralização dos recursos financeiros do núcleo para a direção sindical
- Ser parte da luta global do Cpers para exigir dos governos condições dignas de trabalho, bem como uma legislação de proteção à saúde do trabalhador
- Formar comissões de saúde do trabalhador em todas as escolas
- Campanha de novos sócios para fortalecer a organização pela base
-Projeto de formação sindical para resgatar o debate do classicismo e o combate à burocratização no movimento sindical
- Debater com a categoria sobre a necessidade de que detentores de cargos de confiança do governo não possam participar das instâncias do sindicato .
Fonte: Jornal Minuano