24/05/2018

Bagé - Escassez de estoque causa filas em postos de combustíveis

As medidas do governo para sanar a crise causada pelos sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis não surtiram efeito na mobilização dos caminhoneiros. Os protestos, que entraram no terceiro dia, começaram a afetar a distribuição de combustíveis no município, que já sofre com a escassez de derivados de petróleo. Com isso, centenas de bageenses buscaram os estabelecimentos, ontem, para se prevenirem do iminente fim dos estoques. O empresário Rogério Magalhães Martins, 26 anos, conseguiu abastecer o carro na segunda tentativa. Ele esteve em um posto próximo de sua moradia, onde já havia acabado o estoque. “Para me precaver, vou encher o tanque antes que acabe aqui também”, comentou. Jorge Adair Fagundes Rodrigues, 56, também empresário, disse que os sucessivos aumentos do preço nas bombas dobrou o custo do transporte para a empresa: “Preciso do carro para trabalhar e, no último mês, nosso gasto com gasolina saltou de R$ 300 para R$ 600, somente por conta da suba”, frisou.  Bombas secas De acordo com o proprietário de três pontos de venda, Paulo Delevati, o estoque em seus dois estabelecimentos de Bagé devem terminar até as 12h de hoje. A terceira loja, em Aceguá, está sem estoque desde terça-feira. “Temos somente etanol e diesel (S10 e comum) para vender. Caso os transportadores não sejam liberados nas próximas horas, não teremos como atender os clientes”, declarou. Delevati atribuiu essa crise às políticas governamentais, que ocasionaram o movimento dos caminhoneiros. “Os custos dos derivados de petróleo subiram entre 15% e 16% nas últimas semanas e o governo alardeia que reduziu (ontem) 2%, como se fosse resolver o problema. Estão jogando o custo da quebra da Petrobras nas costas da população”, protestou. A reportagem percorreu quatro pontos de venda em Bagé e constatou que o movimento dobrou nos locais que ainda possuem produto para atender a demanda. Os entrevistados, que não quiseram se identificar, reforçam que os estoques estão acabando. O gerente de um dos locais detalhou que a distribuidora que abastece a rede ficou sem combustível. “Aumentou muito o movimento e ficamos sem diesel S10. Temos gasolina comum e aditivada somente para hoje (ontem). Nossa previsão é que acabe o estoque de diesel S500 até as 12h”, disse. Caso semelhante foi relatado pelo subgerente de outro estabelecimento próximo. Ele explicou que a última vez que o ponto foi abastecido por caminhão-tanque foi no sábado. “Ainda temos estoque, porém, com este fluxo, devemos ficar sem reservas até as 12h (de hoje)", comentou. O proprietário de um posto no bairro São Bernardo também relatou escassez nos estoques. “Não temos gasolina comum e a aditivada deve terminar até o fim do dia (ontem). É ruim para nós, mas foi preciso que essa movimentação dos caminhoneiros acontecesse para conter essa política desvairada deste governo”, afirmou. Mobilização mantida  No trevo da Santa Tecla e na BR-153, 80 profissionais mantêm, em Bagé, a mobilização contra o governo federal e reiteraram que a ação vai continuar. É o que garante o motorista Ragiel Ari Machado Ney, 43 anos: “A resposta do governo é inaceitável. O diesel tem aumentado R$ 0,15 toda semana e a redução anunciada ontem, de R$ 0,05, não cobre os prejuízos que a sociedade paga. Vamos continuar mobilizados e não vamos afrouxar”.