03/03/2017

Candiota - Solicitada extensão do prazo para adequações na fase B

A luta para manutenção da fase B da Usina Termelétrica Presidente Médici prossegue em Candiota. Nesta semana, a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (Eletrobras/CGTEE), com apoio do Sindicato dos Eletricitários do Rio Grande do Sul (Senergisul), enviou ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) um pedido de extensão do prazo para adequações ambientais até 2024. A informação é do delegado regional do Senergisul, Genésio Avancini.

Assinado em 2011, o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) determinava que a estatal fizesse as alterações na unidade até o final de 2016, o que não ocorreu. Com isso, a operação foi desativada nesta terça-feira. Para que a decisão seja revertida, está programada uma série de agendas e manifestos, durante o mês de março.

Conforme Avancini, como já houve decisão administrativa para o caso, a busca por solução será por meio dos bastidores políticos. A categoria entende que há duas opções: manter a fase B até o momento em que a C opere “a todo vapor” ou obter recursos para a construção de um novo empreendimento. “Por isso, precisamos do apoio dos deputados estaduais e federais na causa”, salienta.

Fora a função sindical, Avancini é funcionário há 35 anos da CGTEE. Ele relata que o impasse eclodiu após a aplicação de uma série de mudanças na legislação ambiental. E uma das alterações, segundo contou, estava relacionada ao funcionamento das usinas térmicas. Ele explica: “A nova lei prevê a instalação de dessulfurizador. Esse tipo de catalisador impede a passagem de enxofre para a atmosfera, que pode causar a conhecida chuva ácida. Quando a usina entrou em funcionamento, no ano de 1987, a legislação da época não exigia isso. Por isso foi dado um prazo, em 2011, para que fossem feitas adequações. Mas não foi isso o que aconteceu. Vamos tentar um novo prazo de oito anos”, relata.

A aflição dos sindicalistas é de que o desligamento gere um significativo impacto econômico na região. Dados repassados por Avancini indicam que 1 050 profissionais trabalham na usina, a contar todas as fases. Desses, 550 seriam terceirizados. “Provavelmente, num primeiro momento, os terceirizados devem ser dispensados. Mas esse dano econômico não vai ser apenas em relação aos operários. A CRM (Companhia Rio-grandense de Mineração), a fábrica de cimento e outros serviços também vão ser afetados. Trata-se de uma cadeia produtiva”, enfatiza.

Protestos
Em reunião na manhã de ontem, no acesso da portaria principal da usina, representantes do Senergisul estabeleceram que os operários paralisem os serviços uma vez por semana, durante duas horas. Os dias serão aleatórios. A tendência é de que o protesto sempre aconteça entre 8h e 10h. “O que nos deixa chateados é que, em nenhum momento, fomos comunicados, nem recebemos documento sobre o desligamento. Precisamos chamar a atenção de todos, pois não existe mão de obra mais capacitada em geração térmica de carvão do que a de Candiota”, pontua o diretor estadual do Senergisul, Darlan Oliveira.
Também está confirmado para o dia 13 um manifesto contra o desligamento da fase B. De acordo com Oliveira, o ato será em frente ao posto São Simão, no trevo da Vila Operária. O horário deve ser divulgado nos próximos dias. O presidente do Sindicato dos Mineiros, Wagner Pinto, espera o maior número de políticos. “Sabemos que há problemas, mas há outros tipos de fontes muito mais poluidoras, e ninguém se envolve. A soja, por exemplo, ninguém fala nada. É que os ruralistas são unidos. Vamos para a luta”, frisa.

Frente parlamentar
Para as próximas semanas, a expectativa do Senergisul é pela instauração, na Assembleia Legislativa, de uma frente parlamentar em defesa da CGTEE. O proponente será o deputado Luís Augusto Lara (PTB). “Para isso, temos que colher assinaturas. A presidente do Senergisul já está se mobilizando nos gabinetes”, salientou Oliveira.

Assim como na semana passada, o prefeito de Candiota, Adriano dos Santos, deve liderar uma comitiva em Brasília. O chefe do Executivo local adianta que buscará audiências com o máximo de ministérios possíveis. “Precisamos que a fase B se mantenha até a C ficar em total condição. Para a viagem até Brasília, estamos preparando um dossiê que defende a manutenção da unidade. Vamos chamar a atenção da população. Até porque não serão afetados 800, 900 funcionários. Mas, sim, 400 mil habitantes, entre as cidades da região. Diariamente, são 90 ônibus que trazem trabalhadores de fora”, argumenta.

Fonte: http://www.jornalfolhadosul.com.br